CAF e ONU Mulheres destacam a importância do papel da mulher nas agendas urbanas
CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- e a ONU Mulheres realizaram o evento "Enfoque de gênero: elemento fundamental na construção de cidades inclusivas", no último dia 17 de outubro, como parte da Conferência Habitat III.
Com o objetivo de destacar a importância de incluir as mulheres nas agendas urbanas das cidades da América Latina, o evento contou com a participação de prefeitos de governos locais e especialistas em temas de cidades e gênero.
Em primeiro lugar se destacou a importância das cidades como oportunidades de desenvolvimento. Estas se traduzem nos motores da economia e, por sua vez, representam caminhos para acessar a saúde e a educação; mas hoje as cidades apresentam grandes desafios que exigem a participação de todos.
"A América Latina tem experimentado um processo acelerado e desorganizado de urbanização, o que resultou em grandes áreas com condições urbanas desfavoráveis e altos níveis de desigualdade", comentou José Carrera, vice-presidente de Desenvolvimento Social do CAF. Neste contexto, as mulheres estão particularmente desfavorecidas; a segregação ocupacional com base no gênero persiste, mantendo as brechas na renda das mulheres e nos espaços de tomada de decisão.
"A igualdade de gênero deve ser incluída no planejamento urbano das cidades para que estas sejam sustentáveis e promovam a inclusão social", destacou Lakshmi Puri, vice-diretora-executiva da ONU Mulheres. Por sua vez, o prefeito de Cuenca, Marcelo Cabrera, e a prefeita de Rosário, Mónica Fein, debateram a respeito das políticas públicas com enfoque de gênero que foram aplicadas durante as suas administrações. Ambos recordaram que é fundamental ampliar a participação das mulheres nos cargos de tomada de decisão. Este painel foi moderado por Ana Falú, arquiteta e consultora em temas de gênero para a ONU Habitat.
O evento terminou com a palestra magistral de Saskia Sassen, professora de sociologia na Universidade de Columbia, especialista em temas de cidades e gênero, e galardoada com o Prêmio Príncipe de Astúrias de Ciências Sociais.
Na América Latina, as mulheres gastam, em média, entre duas e cinco vezes mais horas do que os homens para executar trabalho não remunerado. Além disso, enfrentam os desafios relacionados com a carga de trabalho de cuidados com a família e pouca disponibilidade de tempo: 39% das mulheres trabalhadoras cuidam dos seus filhos porque não têm acesso a uma creche ou a um cuidador confiável, diminuindo, assim, as oportunidades para fazer parte do mercado de trabalho.
É necessário implantar políticas inclusivas em nível transversal de modo que as cidades sejam realmente uma ferramenta de desenvolvimento para a sociedade. Incluir o enfoque de gênero representa uma oportunidade para promover a inclusão e, por isso, é necessário articular a agenda dos direitos das mulheres com a agenda urbana para promover o empoderamento econômico da mulher.
O CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina-, com o objetivo de promover a inclusão social na região, reafirma o seu compromisso com a conquista da igualdade de gênero como parte da cidade. O evento paralelo organizado em conjunto com a ONU Mulheres foi uma oportunidade para divulgar as melhores práticas, a fim de que possam ser reproduzidas em outros países da região.