Eficiência energética, chave para um fornecimento seguro e universal
Se os países da América Latina administrassem o uso da energia como fazem os países da União Europeia, poderiam economizar até US$ 21,4 bilhões em consumo, o equivalente ao dobro do custo da Copa do Mundo de 2014.
Com 80% dos seus habitantes morando em cidades, a América Latina tornou-se a região mais urbanizada do mundo. Além de oferecer grandes oportunidades de crescimento, essa superlotação crescente das cidades também gerou uma demanda maior de energia, tanto para satisfazer as necessidades básicas dos cidadãos como para desenvolver qualquer tipo de atividade produtiva, em grande ou pequena escala.
De fato, hoje existem cerca de 30 milhões de pessoas que não têm acesso à eletricidade, e há algumas dificuldades para satisfazer a demanda produtiva com eficiência.
Neste sentido, a região deverá melhorar a eficiência energética, ou seja, administrar melhor o conjunto de ações que permitem otimizar a relação entre a quantidade de energia consumida e os produtos finais obtidos. Além disso, será necessário aumentar a capacidade de gerar energia e, para isso, podem ser usadas novas tecnologias que permitam estender a oferta de modo sustentável no tempo, sem gerar um impacto maior no meio ambiente.
Segundo o Relatório panorâmico sobre a eficiência energética na América Latina, elaborado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), é necessário que as empresas avancem em direção a um modelo energético que diminua seus custos operacionais, sem aumentar seu impacto no ambiente. A publicação assegura que o setor comercial e industrial é o responsável por 30% do consumo final de energia na região e, em muitos casos, é um motor essencial do crescimento econômico.
Melhorar a eficiência energética é imprescindível para que a América Latina possa aumentar a economia, tanto no consumo como nos gastos econômicos, e para garantir que todos os cidadãos tenham um acesso seguro e estável a fontes de energia.
No entanto, “existem desafios significativos que limitam a implementação dessa proposta na região, como a falta de instituições financeiras capacitadas na gestão de programas relacionados com a eficiência energética, a escassa disponibilidade de fundos de garantia que cubram os riscos próprios dos projetos em eficiência energética e a fraqueza de órgãos reguladores e quadros normativos que favoreçam o desenvolvimento de projetos ligados ao tema”, explica Mauricio Garrón, diretor de análise e estratégia de energia no CAF.
Em resposta a essas necessidades, o CAF gerou diversas iniciativas com o fim de promover a adoção da energia eficiente, entre as quais está a criação do Programa Regional de Eficiência Energética. Este programa, que visa desenvolver projetos de eficiência energética para a região, oferece financiamento para projetos e assistência técnica. Os créditos concedidos são destinados às áreas de reabilitação e adequação de sistemas para a geração elétrica, transmissão e distribuição de energia, bem como aos relacionados à demanda de energia que podem ser hospitais, centros comerciais, hotéis etc.
Além disso, o CAF oferece um fundo de assistência técnica para apoiar as etapas iniciais de estruturação de projetos relacionados com a eficiência energética e presta assistência às instituições financeiras na elaboração de instrumentos financeiros destinados a essa área. Assim, o Programa Regional de Eficiência Energética elaborou estudos pré-viabilidade e de viabilidade na Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Uruguai, Panamá, Paraguai, Brasil, Venezuela, Colômbia e Equador, entre outros, para construir uma carteira regional de projetos financiáveis e promover o desenvolvimento de negócios verdes.
A essas iniciativas soma-se a promoção da eficiência energética através da institucionalização de um selo verde e da certificação de normas de emissão de carbono em empresas e seus produtos, impulsionada pela Direção Corporativa de Ambiente e Mudança Climática do CAF. A proposta favoreceria, principalmente, os edifícios públicos, ou seja, hospitais, aeroportos e portos, os sistemas de serviços públicos e as indústrias de alto consumo, as quais definiu como suas áreas de interesse.