O que é necessário para expandir a banda larga na América Latina?
No dia três de abril, na cidade de Manizales, na Colômbia, foi inaugurada a 7ª Semana das Normas Verdes da UIT, com o início do XVII Encontro Ibero-americano de Cidades Digitais organizado pela ASIET.
Mauricio Agudelo, especialista sênior do CAF em Telecomunicações, Mídia e Tecnologias Digitais, apresentou um novo estudo elaborado pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- e pelo Centro de Estudos de Telecomunicações da América Latina (cet.la) em colaboração com a empresa Deloitte.
O estudo, intitulado “Identificação de boas práticas em cidades para a expansão da banda larga na América Latina” tem como objetivo identificar as principais barreiras e as boas práticas que existem na América Latina em relação com a implementação de infraestruturas de telecomunicações. Além disso, visa proporcionar uma série de recomendações baseadas nas boas práticas internacionais, a fim de reduzir as limitações que os operadores de telecomunicações podem enfrentar para investir nesse tipo de infraestruturas.
É importante considerar o fato de que a banda larga e os serviços de telecomunicações, em geral, não são um conceito estático. As preferências dos usuários e o uso que fazem desses serviços determinam as necessidades que, por sua vez, evoluem com o tempo e a área geográfica em que a análise seja feita.
Além disso, a pesquisa realizada pretende dar continuidade a outros projetos apoiados pelo CAF, que buscam identificar as causas da lacuna digital que ainda afeta a América Latina, onde metade da população continua desconectada da Internet de alta velocidade, e onde os benefícios socioeconômicos da conectividade e do desenvolvimento digital ainda não são captados adequadamente.
Um estudo anterior feito especificamente sobre a América Latina determinou que, em face da tendência de rápido crescimento do número de usuários digitais, do volume e do tráfego de dados, a infraestrutura existente é insuficiente. A fim de poder atender à demanda de banda larga móvel e aumentar a cobertura na Colômbia, segundo o estudo, será necessário implementar nos próximos cinco anos aproximadamente 19.000 novas estações-base de telecomunicações na Colômbia, 40.000 no México e 13.000 no Peru, que representam investimentos de até US$ 24.300 para essa amostra de países.
A importância das telecomunicações e da conectividade baseia-se no impacto e nas externalidades positivas que o desenvolvimento da banda larga gera. Além do impacto direto em relação ao aumento da penetração da banda larga como consequência de uma maior cobertura e oferta de serviços, o desenvolvimento da banda larga gera benefícios econômicos e produtivos.
Os governos de diversos países latino-americanos, conscientes da grande importância do desenvolvimento da banda larga e da digitalização, elaboraram planos de banda larga que, em muitos casos, incluem iniciativas de investimento em infraestruturas de telecomunicações, adequação do âmbito regulatório em escala nacional e/ou promoção do uso e da adoção de banda larga. No entanto, frequentemente aparecem muitas barreiras importantes em uma segunda fase, na qual estão sendo planejados ou executados os projetos de infraestruturas.
Nesse sentido, o objetivo do projeto é identificar quais são os aspectos que as cidades devem melhorar em termos econômicos, administrativos ou sociais para projetar uma estratégia que promova o desenvolvimento dessas infraestruturas. Finalmente, para avaliar as barreiras, após um processo de recompilação dos dados, um índice de adequação é elaborado para a implementação de infraestruturas de telecomunicações, a fim de coletar indicadores sobre a situação de um conjunto de cidades da América Latina em relação às boas práticas do setor.