O CAF promove um programa de gênero que coloca em foco a autonomia econômica das mulheres
A representante da entidade no Uruguai participou de um painel durante o Congresso da OMEU, em que foram abordados os desafios enfrentados pelas mulheres empresárias
Incentivar a educação financeira e empresarial, facilitar o acesso ao crédito e ajudar a estabelecer redes de contato são alguns dos pontos principais para garantir que as mulheres possam superar as barreiras e prosseguir com seus empreendimentos e negócios, disse a diretora-representante do CAF - Banco de Desenvolvimento da América Latina - no Uruguai, Gladis Genua, em sua apresentação no II Congresso Nacional da Organização de Mulheres Empresárias do Uruguai (OMEU) realizado entre os dias 25 e 26 de maio em Montevidéu.
Durante o evento, que reuniu empresárias, altas executivas e empresárias da região, foi realizado o painel "Uruguai e região: contexto econômico, oportunidades e desafios para as mulheres empresárias", que contou com a participação de Genua e da coordenadora da ONU Mulheres, Furtado Magdalena, da especialista do Fundo Multilateral do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ana Castillo, e da diretora de Administração e Finanças da Agência Nacional de Pesquisa e Inovação (ANII), Irene Suffia.
Genua explicou que o acesso ao financiamento é um dos aspectos mais importantes e determinantes para que as mulheres possam dar continuidade aos seus empreendimentos e empresas. Os padrões sociais e culturais que limitam o acesso das mulheres à propriedade e ao trabalho formal fazem com que a maioria opte por microcréditos que têm maior custo financeiro.
"A disparidade no acesso ao financiamento formal é grande. Apenas 30% das mulheres tem acesso a uma conta corrente, enquanto, no caso dos homens, esse percentual varia entre 50% e 60% ", disse.
Outro aspecto que a representante do CAF mencionou como um dos obstáculos a ser superado é o baixo nível de educação financeira e empresarial das mulheres, o que dificulta sua inclusão nos negócios.
"Muitas mulheres começam suas empresas sem um plano de negócios, sem conhecer a estrutura de custos ou ter uma estratégia para vender seus produtos", acrescentou.
Neste cenário, o CAF - Banco de Desenvolvimento da América Latina - incorporou a perspectiva de gênero às linhas de financiamento que disponibiliza, o que garante que os projetos promovam a igualdade. Também implantou programas de educação financeira e empresarial, por meio de parcerias com instituições regionais, além de apoiar organizações de mulheres que desenvolvem projetos de formação para empreendedoras e estabelecer acordos com instituições financeiras para que as linhas de crédito incorporem a perspectiva de gênero.
"Nós sabemos que, se podemos ajudar a capacitar as mulheres do ponto de vista econômico, podemos fazer com que elas sigam adiante de maneira autônoma", enfatizou.
Por outro lado, a especialista do Fundo Multilateral do BID, Ana Castillo, fez um balanço do programa "Mais Empreendedoras", realizado pela Endeavor e pela OMEU, cujo compromisso é inspirar as mulheres a entrar no mundo dos negócios, posicionando o empreendedorismo feminino.
"O programa completou 4 anos e tem sido um sucesso. Quase 80% das participantes incorporou mudanças em seu empreendimento e 32% teve acesso a um financiamento. A maioria aumentou a confiança em si e valorizaram as redes de contato. Realmente faltava uma ação focada nas mulheres. Precisávamos de um programa como esse", disse Castillo.
A diretora de Administração e Finanças da Agência Nacional de Pesquisa e Inovação (ANII), Irene Suffia,
ressaltou os desafios enfrentados pelos empreendedores e listou os diferentes programas implementados pela agência para incentivar as mulheres a darem continuidade aos seus projetos.
"A dificuldade de levar adiante as empresas não é apenas uma questão de gênero". Somos educamos para ser empregados e não nos ensinam a montar o nosso próprio negócio. Por outro lado, as mulheres enfrentam outro desafio: conciliar a vida familiar com seu empreendimento, gerando mais um obstáculo", disse.
Enquanto isso, a representante da ONU Mulheres no Uruguai, Magdalena Furtado, destacou o papel que o setor privado deve exercer para que as mulheres participem plenamente da vida econômica.
"Estamos em um bom momento para reforçar as parcerias. Hoje temos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nos quais o papel do setor privado é explícito. Esse setor também é responsável pelas mudanças e transformações que devem ocorrer na sociedade a fim reduzir a disparidade de gênero", destacou.