Incentivo latino-americano à economia circular
O primeiro Fórum de Economia Circular da América Latina, um evento apoiado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), reuniu durante dois dias representantes locais e internacionais para discutir e aprender as formas de dinamizar os atores-chave da sociedade e impulsionar a transição da economia linear atual em direção a um modelo circular, que proponha uma mudança sistêmica radical.
A atividade, realizada no auditório do Laboratório Tecnológico do Uruguai (LATU), enfatizou o incentivo ao ecodesign, à simbiose industrial, à economia da funcionalidade, à reutilização, reparação, refabricação e valorização para promover “a inovação e a resiliência no longo prazo, e desenvolver novos modelos de negócio”.
Os desafios da jornada em direção à economia circular, bem como os impactos potenciais e a necessidade de estimular novos âmbitos regulatórios, foram o fio condutor do segundo dia do evento. Nesse contexto, Marco Giussani, executivo principal de Ambiente e Mudança Climática do CAF, participou em um painel junto com as advogadas, membros da YouHub Cowork e do grupo legal B do Uruguai, Natalia Hughes e Ivana Calcagno. Elas são promotoras do anteprojeto de lei que visa dar certezas jurídicas às Sociedades de Benefício e Interesse Coletivo (BIC), que inclui o movimento de Empresas B em estudo no Parlamento uruguaio.
“No CAF, temos duas direções que estão envolvidas com a economia circular, a de Inovação Social, que está trabalhando muito no tema de movimento B, e a de Ambiente e Mudança Climática, focada no uso eficiente de recursos. Desse ponto de vista, estamos concentrados na transformação produtiva, tornando os processos mais eficientes no uso de recursos em geral, mas com uma visão particular na energia e na água”, explicou Giussani.
Acrescentou, também, que o CAF está colaborando com o setor agropecuário e as cadeias de produção na promoção de negócios verdes, baseados no princípio de preservação e melhoria do capital natural, com casos de muito sucesso na região através de projetos de cooperação técnica. O CAF canaliza, também, recursos ou “fundos verdes” para diversos projetos a fim incentivar, tanto em âmbitos públicos como privados, o componente ambiental e de sustentabilidade em seu projeto empresarial.
“As empresas B nascem com seu objetivo de triplo impacto – ambiental, social e econômico – e já têm uma configuração estrutural e mental circular. A gênese da empresa B está alinhada com a economia circular e oferece grandes oportunidades de trabalho para gerar modelos de sucesso que possam ser replicados com novas iniciativas empresariais”, assegurou Giussani.
“Tem sido um parceiro-chave, dando apoio durante todo o processo. Destacamos, também, o apoio aos grupos jurídicos de vários países, entre eles o Uruguai, em tudo que implica legislação. São necessárias legislações favoráveis às empresas de triplo impacto e interesse coletivo para que muitas das coisas sobre as quais estivemos ouvindo se tornem realidade”, assinalou Carina Novarese, jornalista moderadora do painel.
Participaram do evento, também, várias autoridades nacionais, como o diretor nacional de Meio Ambiente, Alejandro Nario, e o diretor do Escritório de Planejamento e Orçamento (OPP, na sigla em espanhol), Álvaro García, além de oradores estrangeiros, entre representantes de organismos internacionais, universidades, empresas e empreendedores.