Dez dicas para mulheres mais seguras nos transportes públicos de Buenos Aires
O CAF apresentou o projeto “Ela se desloca com segurança”, realizado após uma intensa pesquisa sobre condições de segurança, percepções e opiniões das mulheres sobre o transporte público em Buenos Aires, Quito e Santiago do Chile.
Em consonância com o despertar da consciência social e da abertura para o debate gerado pelas mobilizações sobre gênero e transporte na Argentina, o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) organizou, em parceria com a FIA Foundation, o Encontro Internacional de Mobilidade e Gênero “Construindo uma mobilidade inclusiva e segura” no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires.
Ao longo de duas jornadas, foram apresentadas as principais conclusões do projeto “Ela se desloca com segurança”, realizado pelo CAF por meio de enquetes, entrevistas em profundidade e grupos focais com usuários de meios de transporte público em Buenos Aires, Quito e Santiago do Chile. Em geral, as mulheres usam os meios de transporte público mais que os homens e são mais propensas a sofrer os efeitos da ineficiência do sistema, em parte porque muitas vezes elas têm menos alternativas.
Durante a abertura de “Construindo uma mobilidade inclusiva e segura”, o diretor representante do CAF na Argentina, Andrés Rugeles, assegurou: “No CAF, promovemos o desenvolvimento e a equidade de gênero. Não buscamos apenas um diagnóstico do problema, mas também recomendações para o planejamento e a operação do transporte público na América Latina. Nesse sentido, procuramos avançar na troca de informações e de boas práticas no sistema de transporte das cidades, a fim de gerar uma rede de cooperações regionais”.
Por sua vez, o secretário de Transportes da cidade de Buenos Aires, Juan José Méndez, acrescentou: “Estamos diante de um duplo desafio: por um lado, o de projetar e planejar pensando nas mulheres e, por outro, o de incorporá-las em todos os âmbitos do trabalho, desde o projeto e a gestão até a área operacional. Todos deveríamos andar com liberdade e sem preocupações pela cidade”.
Propostas
O problema não tem estrutura linear de causa e efeito, pelo que as soluções devem ser promovidas a partir de uma combinação de ações verticais e horizontais. As propostas típicas a serem implementadas por diferentes atores (autoridades municipais, especialistas em transportes, acadêmicos, cidadãos e mulheres e grupos de transporte público) devem focar:
Na transformação cultural
• Fazer campanhas de conscientização pública (publicidade e informação) com linhas diretas (aos centros de apoio).
• Trabalhar a questão da masculinidade com homens para ajudar a resolver este problema e investigar as causas de origem.
• Reunir dados qualitativos que ajudem a construir explicações mais completas dos resultados de enquetes sobre o tema e que proporcionem uma visão profunda sobre o comportamento de homens e mulheres nos espaços públicos e nos meios de transporte.
Nas condições de política
• Revisão da regulamentação local e incorporação de leis de proteção integral das mulheres e outras normas de caráter preventivo.
• Aumento dos níveis de sanção e a aplicação de tolerância zero.
• Obtenção de um compromisso político e institucional ampliado para a solução do problema da violência de gênero nos âmbitos público e privado.
Na infraestrutura e na operação do transporte
• Identificar protocolos de intervenção para casos de molestamento e assédio sexual.
• Melhorar a intermodalidade bicicleta-ônibus para reduzir a espera nos pontos de ônibus e centros de baldeação e oferecer a possibilidade de descer fora do ponto regulamentar em horário noturno.
• Aumentar e melhorar os programas de vigilância nos bairros.
• Garantir medidas de segurança (presença humana e tecnologia com câmaras CCTV).
O Encontro Internacional de Mobilidade e Gênero também incluiu palestras da subsecretária de Mobilidade Sustentável e Segura de Buenos Aires, Paula Bisiau, da presidente do Patronato San José da Prefeitura de Quito, María Fernanda Pacheco, além de especialistas do Banco Mundial, da Universidade de Buenos Aires (UBA), da Universidade Nacional de San Martín (UNSAM), do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET), funcionários do governo, autoridades de organizações especializadas no setor.
Também houve espaço para as exposições de autoridades do CAF, como a coordenadora do Projeto, Heather Allen, os executivos de Transporte, Angie Palacios e Nicolás Estupiñán, a executiva Elena Cardona, e o assessor sênior de Infraestrutura, Jorge Kogan, que falaram sobre as atividades realizadas pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) a partir do Observatório de Mobilidade Urbana, criado em 2010 com o objetivo de fornecer informações sobre o transporte público na região.