Juan Rosell, Rebeca Grynspan e Fernando García Casas se reúnem com o presidente-executivo do CAF, Luis Carranza
Durante o encontro, todos apostaram na adoção de um pacto pela produtividade na América Latina, bem como na implementação de reformas estruturais que permitam consolidar o crescimento econômico e reforçar o desenvolvimento social na região
O presidente da CEOE, Juan Rosell, a secretária-geral ibero-americana, Rebeca Grynspan, e o secretário de Estado da Cooperação Internacional para a América Latina e o Caribe, Fernando García Casas, se reuniram na sede da CEOE com o presidente-executivo do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), em um encontro empresarial do qual participaram 250 empresas, para analisar os desafios que surgem na região.
Juan Rosell destacou que já são quase 5.000 filiais espanholas que operam na América Latina com um investimento que alcançou 124,7 bilhões de euros em 2015. Rosell indicou também que as empresas ibero-americanas apostam cada vez mais em investir na Europa, mercado que poderia ter a Espanha como uma ótima porta de entrada. O presidente da CEOE insistiu na necessidade de realizar reformas estruturais na América Latina que permitam melhorar as instituições e reduzir a legislação.
Rosell sugeriu intensificar os processos de integração existentes, como a Aliança do Pacífico, o Mercosul ou a SIECA, a fim de estimular o comércio intrarregional que, com apenas 17%, é muito inferior aos da Ásia (52%) e da Europa (68%). A esse respeito, também falou sobre dar um novo impulso ao desenvolvimento das infraestruturas para facilitar a circulação de bens, serviços e pessoas no continente e potencializar os investimentos em transporte, energia ou tratamento de águas.
Enfatizou, especialmente, a necessidade de fomentar a inovação e a educação, incentivando os jovens a se formar e a aprender. Para isso, destacou o relatório “Plano Digital 2020: a digitalização da sociedade espanhola”, apresentado pela CEOE há uns meses e que contribui para o crescimento econômico e a criação de emprego no nosso país.
O presidente da CEOE insistiu em incentivar as negociações comerciais da UE com o México, o Mercosul e, em breve, com o Chile. Ressaltou também a criação, há três anos, do Conselho Empresarial Ibero-americano (CEIB), que representa as vinte organizações empresariais mais importantes da Ibero-América e pretende unificar a voz dos empresários da região. Finalmente, destacou outras iniciativas que contribuem para o desenvolvimento e melhoria da região, como o estabelecimento do Observatório Empresarial Ibero-americano, a difusão da Rede Mundial de Aprendizagem (GAN) e a celebração do Fórum PMEs no próximo mês de março na CEOE.
O secretário de Estado da Cooperação Internacional para a América Latina e o Caribe, Fernando García Casas, salientou os principais desafios que a América Latina deve enfrentar. Enfatizou a necessidade de fomentar a educação para formar pessoas qualificadas, aptas para o mercado de trabalho, melhorar a produtividade, a fim de dar valor agregado às cadeias de valor globais, prestar atenção especial às questões sociais (desigualdade e envelhecimento da população), incentivar o diálogo, a fim de conseguir uma coordenação maior entre o Estado, o mercado e a sociedade, e favorecer a integração, não só entre os países da Aliança do Pacífico, mas de toda a região.
O presidente-executivo do CAF, Luis Carranza, insistiu em promover um pacto pela produtividade na América Latina por meio de diversas iniciativas. Carranza defendeu a importância de ter uma visão de longo prazo na região e de fazer com que os diferentes países que a compõem tenham objetivos claros que favoreçam seu crescimento, como no caso do Panamá, que pretende se tornar um hub logístico em nível internacional.
Ressaltou a necessidade de investir mais em infraestruturas e reduzir a desigualdade para aumentar a classe média emergente em toda a América Latina. Carranza falou sobre favorecer a integração em todos os níveis, fornecer serviços públicos de qualidade à população, aumentar o gasto público em áreas sociais ou potencializar o aproveitamento dos recursos naturais. Insistiu também em melhorar a qualidade da burocracia, fortalecer as instituições e o sistema judiciário, exigir o cumprimento dos contratos, regular a concorrência e os direitos de propriedade. “Tudo isso deve ser complementado com o desempenho econômico e a distribuição de recursos”, especificou.
A secretária-geral ibero-americana, Rebeca Grynspan, encerrou o ato e destacou a importância de dotar a América Latina com uma visão de longo prazo. Como Luis Carranza anteriormente, Grynspan ressaltou que é necessário estabelecer objetivos e alcançar pactos políticos que se complementem com o crescimento econômico e o progresso social. A secretária ibero-americana lembrou também a importância de chegar a um acordo UE-Mercosul e não limitar-se apenas à Aliança do Pacífico. Igualmente, salientou a necessidade de realizar reformas estruturais, não somente macroeconômicas, mas também microeconômicas, promovendo as alianças público-privadas e, para isso, os mecanismos institucionais devem contribuir.
Nesse sentido, elogiou o trabalho da CEOE pela criação do CEIB e do Observatório Empresarial, que são ferramentas eficazes para potencializar o desenvolvimento da região. Finalmente, optou por continuar melhorando as infraestruturas, incentivar a digitalização e, sobretudo, impulsionar a educação para formar os jovens da região, que representam o futuro da Ibero-América.