Melhorar a mobilidade nas cidades contribuirá para o desenvolvimento da América Latina
O Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED 2017) mais recente emitido pelo CAF revelou que a frota de automóveis teve aumento de mais de 40% na região desde o final da última década, enquanto a população urbana registrou crescimento de apenas 10%. Em média, as famílias bolivianas registram 20% de seus gastos em transporte.
A melhoria da mobilidade nas cidades da América Latina deve ser um dos principais objetivos das políticas públicas dos países da região, tanto para alcançar o seu desenvolvimento econômico como o bem-estar de seus habitantes, de acordo com as conclusões do Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED) 2017, apresentado pelo CAF — banco de desenvolvimento da América Latina — na terça-feira, dia 24, em La Paz.
O relatório intitulado “Crescimento urbano e acesso a oportunidades: um desafio para a América Latina” destaca o conceito de acessibilidade — ou seja, a capacidade de famílias e empresas alcançarem as oportunidades oferecidas pela cidade —, que depende de mobilidade urbana e de outras três áreas intimamente ligadas: planejamento e regulamentação do uso do solo, o funcionamento do mercado imobiliário e a existência de mecanismos de coordenação metropolitana.
Gladis Genua, diretora representante do CAF na Bolívia, declarou na abertura do evento que: “As cidades são o principal motor de desenvolvimento dos países, pois nelas se concentram os processos produtivos de maior complexidade e a maior quantidade de oportunidades econômicas. Por esse motivo, a nova entrega do Relatório de Economia e Desenvolvimento do CAF oferece elementos conceituais para melhorar a acessibilidade das cidades da América Latina por meio de intervenções de políticas públicas, levando em conta que cidades mais acessíveis são também mais produtivas, justas e proporcionam maior bem-estar a seus habitantes”.
Na região, 39% dos latino-americanos se deslocam de sua casa ao trabalho em meios de transporte públicos, 22% em transporte privado e 26% a pé. Desde o final da última década, a frota de automóveis teve aumento de mais de 40%, e a de motocicletas triplicou. No entanto, a população apresentou crescimento aproximado de apenas 10%, uma situação que pode ser agravada com o aumento da renda média das cidades, e isso produz efeitos colaterais como o congestionamento do tráfego, insegurança rodoviária e poluição do meio ambiente.
Durante a apresentação, Juan Vargas, economista-chefe do Departamento de Investigações Socioeconômicas do CAF, disse que na Bolívia há o desafio de melhorar vários aspectos da mobilidade urbana, já que, em algumas cidades do país, as famílias expendem aproximadamente 20% de seus gastos totais em transporte, enquanto esta porcentagem chega a apenas 8% no Peru. Além disso, ele declarou que, segundo as pesquisas realizadas, 25% dos usuários da cidade de La Paz estão insatisfeitos com o serviço de transporte público. Na mesma cidade, o tempo médio de deslocamento entre a residência e o local de trabalho é de 42 minutos; e apenas 32% das famílias têm acesso à oferta formal de transporte público, que é complementado por uma grande variedade de serviços informais.
Dessa forma, trabalhar nas questões de mobilidade e transporte urbano é fundamental e deve fazer parte das políticas públicas de desenvolvimento urbano da região, ainda que existam outros problemas que caracterizam os países em desenvolvimento, como problemas de segurança dos cidadãos, desequilíbrios macroeconômicos, desemprego, trabalho informal, desigualdade, pobreza, entre outros.
De acordo com o documento, a política pública também deve se envolver com as altas taxas de insegurança rodoviária apresentadas na América Latina e trabalhar na melhoria da infraestrutura para pedestres e na ampliação da cobertura e melhoria da qualidade do transporte público, entre outras questões fundamentais que foram também desenvolvidas pelo RED.
Participou do evento Mariana Prado, ministra do Planejamento de Desenvolvimento, que apresentou os avanços na política de desenvolvimento urbano que o governo nacional está realizando. No contexto da aliança acadêmica com a UPB, Oscar Molina, vice-reitor da universidade em La Paz, proferiu o discurso de abertura e moderou o painel composto por Javier Delgadillo, vice-ministro de desenvolvimento urbano e habitação, Joaquín Morales, diretor do Departamento de Economia da UPB e Mauricio Ramirez, representante residente do PNUD.
No final, o prefeito de La Paz, Luis Revilla, encarregou-se de divulgar as conclusões finais, destacando o progresso e desafios pendentes para que a cidade de La Paz se transforme em uma cidade mais acessível, produtiva e que ofereça maior bem-estar e progresso a seus residentes.