A Europa é o maior investidor na América Latina, com 642,3 bilhões de euros
“O futuro do vínculo atlântico é mais necessário que nunca e o acordo UE-MERCOSUL teria um grande impacto nas duas regiões”: Guillermo Fernández de Soto durante o Futuro em Espanhol em Múrcia
Guillermo Fernández de Soto, diretor do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) para a Europa, defendeu a ideia de tornar realidade “a associação estratégica birregional entre a Europa e a América Latina por ser um imperativo inadiável, porque o futuro do vínculo atlântico é mais necessário que nunca”. Além disso, assegurou que a assinatura do acordo comercial entre a UE e o MERCOSUL teria um grande impacto nas duas regiões” durante suas intervenções na I Jornada de Futuro em Espanhol, celebrada em Múrcia na terça-feira, 28 de novembro, no Palácio do Almudí.
A sessão foi dedicada a “Cultura, Política e Sociedade na América Latina e na Espanha” organizada pelo CAF, pela Fundação Vocento e pelo jornal La Verdad. Participaram também da sessão de inauguração o diretor editorial da Mídia Regional e Revistas da Vocento, Benjamín Lana; o presidente da Fundação Caja Mediterráneo, Clemente García; a conselheira de Transparência, Participação e porta-voz do governo de Múrcia, Noelia Arroyo; e o prefeito de Múrcia, José Francisco Ballesta, que valorizou a celebração de Futuro em Espanhol “para tratar profundamente de assuntos transcendentais que afetam os cidadãos diante da sociedade twitter, que tanto barulho e confusão cria”.
Nesse cenário, Guillermo Fernández de Soto considerou que “está na hora de recuperar o conceito da aliança transatlântica e de revalorizá-la. A União Europeia e a América Latina demonstraram que são capazes de enfrentar grandes desafios”. Por isso, “este fórum nos permite repensar e fortalecer os laços que existem entre as duas regiões e aproveitar para tornar realidade a Associação Estratégica Birregional que adiamos há tantos anos”.
O diretor do CAF para a titleEuropatitle assegurou que a “Europa e a América Latina são chamadas para desempenhar um papel de destaque, a fim de estabelecer as bases para a revisão e a modernização da governança internacional fundada nos princípios de convivência compartilhado por todos, e levando em conta as experiências que adquirimos desde a criação do sistema das Nações Unidas”.
Fernández de Soto destacou que “os que acreditamos na força e na virtude do diálogo transatlântico, achamos que há muito a fazer e que as relações ibero-americanas devem significar um ponto de inflexão para a consolidação desse diálogo” e desenvolveu as linhas essenciais para chegar lá, “é preciso ter vontade política para criar uma visão conjunta do mundo, buscar mais cooperação em matéria de investimento e comércio e também em assuntos como a mudança climática, e promover um grande pacto glocal para aproveitar os benefícios da revolução digital”.
O papel da Europa e da América Latina: acordo UE-MERCOSUL
Depois da primeira mesa da jornada, que consistiu em uma entrevista entre o ex-ministro da Cultura, César Antonio Molina, e o professor de Teoria da Literatura e Literatura Comparada na Universidade de Múrcia, José María Pozuelo, começou o segundo painel sobre “O papel da Europa e da América Latina no novo contexto internacional”, moderado por Joaquín García, subdiretor do jornal La Verdad, com a participação do vice-presidente do Parlamento Europeu, Ramón Luis Valcárcel, e do diretor do CAF para a Europa, Guillermo Fernández de Soto.
Os dois participantes concordaram sobre a necessidade de fortalecer e consolidar as relações entre a UE e a América Latina. Valcárcel afirmou que “as relações estão em um momento brilhante, doce, e a América Latina é um parceiro-chave para a UE por causa dos problemas que o planeta tem com a paz, a liberdade e a mudança climática. Tornar a relação frutífera é uma obrigação, um compromisso que temos perante o resto do mundo e a história”.
Quanto ao momento doce das relações entre as duas regiões, Fernández de Soto destacou a necessidade de superar os últimos obstáculos e chegar ao final das negociações em dezembro para assinar o acordo comercial entre a UE e o MERCOSUL, que “teria um grande impacto na integração latino-americana, na superação da fragmentação do comércio mundial e na própria Europa para fortalecer seu peso estratégico no mundo e antecipar-se aos acordos com a China e os Estados Unidos”.
O diretor do CAF para a Europa forneceu dados cruciais para entender a dimensão bidirecional das relações: “A Europa é o maior investidor na América Latina, com 642,3 bilhões de euros. Só a Espanha investe 145 bilhões, e as empresas multilatinas realizaram aquisições na Europa por mais de 50 bilhões de dólares”. “O comércio entre as duas regiões representa 11% para a América Latina e 14% para a Europa, valor que diminuiu devido à presença chinesa na América Latina. Além disso, a UE é o primeiro cooperante na América Latina que oferece múltiplas oportunidades”.
A jornada finalizou com uma mesa redonda sobre “A educação e a cultura, chaves para a difusão dos valores”, moderada pela embaixadora da Costa Rica na Espanha, Doris Osterlof, com a participação do prefeito de Múrcia, José Francisco Ballesta, do reitor da Universidade EAFIT e ex-ministro da Cultura da Colômbia, Juan Luis Mejía, e do diretor da Real Academia da Língua Espanhola, Darío Villanueva.
Gestão da água
A segunda sessão da I Jornada de Futuro em Espanhol, em Múrcia, foi dedicada à “Inovação e tecnologia na gestão dos recursos hídricos”. Participaram da cerimônia de encerramento Antonio González, diretor-geral do La Verdad; Fernando López Miras, presidente de Múrcia e Guillermo Fernández de Soto.
O diretor do CAF para a Europa destacou que “a boa gestão da água foi o suporte do sucesso agroalimentar de Múrcia, sem negligenciar as necessidades domésticas de seus habitantes”. Explicou, também, que “o setor de agronegócios foi definido como prioritário dentro do CAF porque o mundo exige mais alimentos, e a América Latina está destinada a exercer um papel-chave para atender essa demanda”. Além disso, destacou a importância da missão de um grupo de empresários do setor agroalimentar, de especialistas em água e saneamento e funcionários latino-americanos do setor que, durante vários dias, visitaram diversas empresas, instalações e projetos avançados de gestão hídrica na região de Múrcia, bem como produtores de legumes e frutas, trocando conhecimentos e experiências muito úteis.
A jornada começou com a intervenção de Roque Ortiz, primeiro vice-prefeito e delegado para a promoção da Prefeitura de Múrcia, e de Francisco Jódar, ministro de Água, Agricultura, Pecuária e Pesca do governo de Múrcia.
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O ministro de Desenvolvimento Agropecuário do Panamá, Eduardo Enrique Carles, em seguida, deu uma palestra sobre a parceria público-privada para o desenvolvimento do setor agropecuário: modelo Panamá, explicando detalhadamente a situação do setor no país centro-americano: “um país agrícola que tem na água o seu petróleo e no canal do Panamá um elemento-chave para sua economia e que, no setor agropecuário, está aplicando com sucesso a parceria público-privada”.
A primeira mesa redonda da jornada foi dedicada ao “Uso eficiente da água e sua contribuição para o desenvolvimento”, moderada por Teresa M. Navarro, diretora da cadeira de Água e a Sustentabilidade da Água na Universidade de Múrcia. A mesa teve a participação do presidente da Proexport, Juan Marín, do presidente do Sindicato Geral de Irrigação do Aqueduto Tajo-Segura, Lucas Jiménez, do diretor-executivo da corporação Reguemos Chile, Maximiano Letelier, e do representante do Instituto Interamericano de Cooperação para a agricultura no Panamá, Gerardo Escudero.
A segunda mesa redonda tratou sobre As novas políticas da água na América Latina e na Espanha” e foi moderada por Miguel Ángel Ródenas, presidente da Confederação Hidrográfica do Segura. Dela participaram o diretor-geral da Fundação Instituto Euro-mediterrâneo da Água, Francisco Cabezas Calvo, o ex-diretor regional de Produção e Indústrias Agrárias e ex-diretor-geral da Água do governo de Múrcia, Joaquín Griñán García, e o ex-superintendente do Departamento Geral de Irrigação de Mendoza, Argentina, José Luis Álvarez.
A terceira mesa redonda tratou sobre“Inovação e tecnologia na gestão dos recursos hídricos” e foi moderada por Jorge Concha, executivo principal de Desenvolvimento Social do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Dela participaram o diretor do Centro de Edafologia e Biología Aplicada do Segura, Juan José Alarcón; o diretor-técnico da Entidade Regional de Saneamento e Limpeza da região de Múrcia, Pedro José Simón Andreu; e o coordenador de Distritos de Irrigação em Sonora, México, José Luis Minjares.
O Futuro em Espanhol em Múrcia apresenta-se como uma convocação imprescindível para o CAF devido à oportunidade de sinergias entre o encontro e centros de pesquisa de renome, empresas e autoridades, que permitem ao Banco de Desenvolvimento da América Latina entender os acertos e o caminho até chegar ao nível de excelência atual e, assim, poder incluí-lo no seu plano de ação.
Este fórum é uma iniciativa da Vocento e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), que nasceu em 2011 com o fim de difundir as possibilidades que o uso do espanhol oferece no mundo, e para sondar a força do idioma como ponte para os negócios e a cultura.