“Fazer mais com menos”, o desafio da infraestrutura de transportes na região
As redes de transportes na América Latina não fazem face aos desafios de desenvolvimento da região. Este tema será discutido no próximo dia 25 de abril, na Conferência sobre Infraestrutura para o Desenvolvimento da América Latina, a ser promovida pelo CAF, em Buenos Aires, em que será analisado o desempenho desigual dos transportes em seus diversos segmentos de atividade.
A ausência de uma rede de transportes apropriada representa um obstáculo quando se trata de pôr em prática uma política de desenvolvimento social eficaz, que alcance índices de crescimento econômico sustentados e atinja os objetivos de integração. Atualmente, esta provisão, na América Latina, é insuficiente e ineficiente no enfrentamento dos desafios de desenvolvimento da região. Por isso, para combater a atual conjuntura, é necessário fazer um melhor uso dos recursos dos quais o setor dispõe.
Nesta linha, existem vários eixos prioritários sobre os quais se pode trabalhar:
- Planejar, com uma visão mais abrangente, todos os modos de transportes, de forma que as sinergias permitam um maior impacto com um menor investimento.
- Trabalhar a comodalidade, ou seja, uma maior eficiência dos usos dos transportes.
- Aproveitar a capacidade que tem o setor privado para introduzir incentivos de alta intensidade e pressões competitivas, que lhe permitam ser mais eficiente em alguns casos.
Mónica López, chefe da Diretoria de Análise e Programação Setorial do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina, explicou que “para fazer mais com menos, os projetos devem gerar valor agregado ao ambiente onde a infraestrutura é desenvolvida e apresentar uma visão mais holística. Um exemplo claro disso é a Bolívia, onde, além do financiamento para pavimentação de 35% das estradas do país (5.600 km de 16.000 km da rede rodoviária básica), o CAF tem contribuído para o desenvolvimento local por meio de atividades complementares, no âmbito comunitário. Vale citar o projeto da Doble Vía La Paz-Oruro, onde o CAF desenvolveu um programa de negócios inclusivos para as comunidades vizinhas à rodovia”.
Da mesma forma, destaca-se a contribuição do CAF para o desenvolvimento do Salar de Uyuni (Bolívia) como centro turístico estratégico. Além de financiar toda a rede básica de acesso a Uyuni, a entidade desenvolveu programas de concorrência turística por meio de cooperações técnicas e uma operação de financiamento para aprimorar a infraestrutura turística da região.
“Com essa mesma abordagem, o CAF apoiou a Colômbia na definição das diretrizes para a gestão da rede viária terciária, com o objetivo de estimular a produção e o comércio em zonas rurais historicamente identificadas como regiões de conflito, e que constituam um avanço na integração do país nos aspectos logísticos, sociais e culturais”, acrescentou López.
Estima-se que, na América Latina e Caribe, 25% das perdas por desastres naturais sejam assumidos pelo setor de transportes. Os dados deixam claro que, se o planejamento, o projeto e a construção dessas infraestruturas continuarem sendo realizados sem levar em conta os fatores de vulnerabilidade, ameaça e riscos, é muito provável que o setor não possa responder aos fenômenos adversos que vêm acontecendo e que, previsivelmente, continuarão no futuro. A consequência disso é que a sustentabilidade da infraestrutura e a eficiência econômica dos investimentos podem ser colocados em dúvida.
Estes serão alguns dos principais temas da próxima Conferência sobre Infraestrutura para o Desenvolvimento da América Latina, a ser promovida pelo CAF, para a qual mais de 50 líderes globais e 500 participantes estarão reunidos, nos dias 25 e 26 de abril, na cidade de Buenos Aires. O evento contará com um painel dedicado ao setor de transportes (25 de abril), o qual será moderado por Julián Suárez Migliozzi, diretor de Projetos da Região Sul do CAF, e apresentado por Guillermo Dietrich, Ministro dos Transportes da Argentina.
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