Projeto mulheres inspiradores vira política pública no distrito federal
Estimular o protagonismo dos alunos por meio do estímulo à leitura e à escrita autoral e o fortalecimento da interpretação de textos do último ano da educação básica, com foco na literatura produzida por mulheres inspiradoras.
Estimular o protagonismo dos alunos por meio do estímulo à leitura e à escrita autoral e o fortalecimento da interpretação de textos do último ano da educação básica, com foco na literatura produzida por mulheres inspiradoras. Com esse objetivo, a professora de língua portuguesa Gina Vieira Ponte criou na escola onde lecionava, em 2013, o projeto Mulheres Inspiradoras, voltado para adolescentes do 9º ano do ensino básico ou o primeiro ano do ensino fundamental.
Na prática, consistia na leitura e discussão de obras escritas por mulheres e que abordam temas como violência, racismo, empoderamento, diversidade, inclusão e a representação feminina. Por meio de dinâmicas em grupo e tarefas especiais, entre elas a produção de textos autorais, a iniciativa acabou sendo um sucesso, ganhou corpo e se expandiu para 15 escolas de Brasília em 2017, com o apoio financeiro e técnico do CAF e da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI). A expansão possibilitou a sistematização do projeto, que ganhou uma capacitação para professores da rede pública, e já beneficiou cerca de 3 mil alunos.
A metodologia, premiada nacional e internacionalmente, deu tão certo que o governo do Distrito Federal decidiu, em março de 2018, transformar o Mulheres Inspiradoras em política pública da secretaria de Educação. A meta é permitir que, como o tempo, o trabalho alcance todas as escolas do Distrito Federal. A maior parte dos recursos a ser destinada ao novo programa será investido na aquisição das obras literárias utilizadas pelas professoras, bem como na capacitação de professores.
“Para 2018 já teremos mais 15 escolas envolvidas e cuidaremos também da manutenção das que já foram capacitadas até o momento, explica a professora. Segundo ela, até o momento, mais de 3 mil alunos foram impactados pelo projeto e 45 professores foram capacitados para aplicar a metodologia do projeto. “Mas se formos computar aqueles beneficiados indiretamente, esse número sobe bastante, porque fizemos mais de 100 palestras pelo Brasil ao longo de 2018, para interessados em conhecer e aplicar a ideia em suas bases”, explica.
A intenção é que ao longo dos anos, novos grupos de 15 escolas sejam incorporados ao projeto, de forma que todas as unidades com alunos nas séries-alvo sejam beneficiadas. “Nós poderíamos fazer esse processo de uma forma rápida, atingindo no curto prazo um grande número de unidades, mas isso prejudicaria a qualidade das capacitações, que precisam ser bem cuidadas para que a metodologia seja realmente aprendida e os professores estejam envolvidos de forma verdadeira com as ações a serem colocadas em prática”, avalia Gina.
Para ela, o maior valor do projeto vai além do empoderamento das meninas e da equidade de gênero, pois propõe a ressignificação da escola, com foco em seu potencial, do diálogo com os estudantes, com o novo papel do professor, que passa a ser agora de mediador e não apenas detentor do conhecimento.
Apoio CAF e OEI
O apoio do CAF e da OEI, segundo Gina Vieira Ponte, foi fundamental para que o projeto Mulheres Inspiradoras fosse encampado pela Secretaria da Educação do Governo do Distrito Federal e se tornasse uma política pública. “Mesmo com os prêmios recebidos, o trabalho era visto ainda como uma ideia isolada. Quando fomos procurados pelos dois organismos internacionais e passamos a ser oficialmente apoiados, a iniciativa passou a ser observada de uma nova forma e ganhou um novo potencial”, relata a professora.
Pela parceria, a CAF aportou US$ 100 mil, usados na compra de livros distribuídos aos professores participantes e nas práticas de capacitação. A OEI se responsabilizou pela administração do projeto. A Secretaria da Educação disponibilizou a professora Gina e outra professora para a capacitação, além de viabilizar as capacitações e a convocação das primeiras quinze escolas participantes.
Mulheres Inspiradoras
- Concepção do professor como intelectual transformador
- Valorização do protagonismo dos estudantes
- Fomento à leitura em sala de aula
- Utilização de metodologias alternativas
- Valorização do legado de mulheres inspiradoras
- Compreensão de aprendizagem como processor
- Valorização dos saberes prévios dos estudantes
- Integração com a comunidade
- Educação para os Direitos Humanos
Prêmios
Internacional
- I Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos, concedido pela Organização de Estados Ibero-americanos (2015) - WEDO Brazil, promovido pela Women's Entrepreneurship Day Organizacional Brazil (2017)
Nacionais
- Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos, concedido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (2014) –
- Prêmio Professores Do Brasil, concedido pelo Ministério da Educação. (2014)
- Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, concedido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, em parceria com o CNPq (2015)
Locais
- Medalha Mérito Buriti, concedido pelo Governo do Distrito Federal (2016)
- Prêmio igualdade de Gênero na Cultura, concedido pela Secretaria de Cultura do Distrito Federal (2016)
- Prêmio Mulher Educadora, cidadã do mundo, concedido pelo Sindicato dos Professores Do Distrito Federal.(2015)
- Prêmio Flores de Aço, concedido pelo Instituto Flores de Aço de Brasília (2015)
- Prêmio Grandes Educadores, concedido pelo UniProjeção (2017)