A parceria estratégica entre a UE e a América Latina exige vontade política de ambas as partes
O CAF e a Fundação Vocento organizam o “Futuro en Español” em Múrcia, evento sobre o idioma comum, a inovação e os desafios na gestão dos recursos hídricos
Guillermo Fernández de Soto, diretor corporativo para a Europa do CAF - banco de desenvolvimento da América Latina, incentivou os governos europeus e latino-americanos a “mostrarem a vontade política necessária para consolidar uma parceria estratégica entre os dois lados, o que também ajudaria a superar a fragmentação e alcançar maior integração na América Latina”, durante seu discurso na primeira sessão, intitulada: “O espanhol: uma viagem ao redor de um idioma compartilhado”, na II Jornada do “Futuro en Español” realizada em Múrcia, na quarta-feira, 9 de maio, no Palácio de Almudí.
Esta mesa de debate foi dedicada à “América Latina e Europa: uma parceria estratégica”, organizada pelo CAF, pela Fundação Vocento e pelo jornal La Verdad. A sessão de abertura também contou com a participação do diretor editorial de meios regionais e revistas da Vocento, Benjamín Lana; do patrono da Fundação Caja Mediterráneo, José Antonio Cobacho; e do prefeito de Múrcia, José Francisco Ballesta, que analisou de forma muito positiva a mestiçagem realizada pela Espanha na América Latina “com o idioma espanhol, não só como um recurso idiomático, mas também como algo que desperta laços afetivos, transmite ideias, emoções e sentimento de pertença”.
O painel, moderado por Alberto Aguirre, diretor do jornal La Verdad, também contou com a participação do ministro conselheiro da embaixada do Peru na Espanha, Javier Sánchez Checa, juntamente com o prefeito e Guillermo Fernández de Soto, que recomendou o relatório elaborado pelo Real Instituto Elcano sobre a Espanha e a América Latina, onde “as diferenças são claras, mas também as oportunidades que oferece para o fortalecimento das relações e para realizar um trabalho para consolidar uma parceria estratégica birregional necessária no momento tão delicado que vivemos em um mundo repleto de complexidades. Com esta parceria, poderíamos superar a fragmentação”.
Para isso, instou “a vontade política necessária por parte dos governos dos países de ambos os lados para que possam assinar ainda este ano o acordo comercial entre a UE e o Mercosul para evitar que as eleições europeias do ano que vem fechem a janela de oportunidades que o acordo representaria”.
“Também destacou as opções de colaboração decorrentes dessas relações birregionais em setores como “as infraestruturas, a melhoria da imigração, a mudança climática e a governança internacional, com a recuperação do vigor do multilateralismo diante dos desafios dos populismos”.
Fernández de Soto salientou a necessidade de alcançarem um pacto digital que “permita que sejamos capazes de criar códigos éticos de utilização de conteúdos digitais e uma grande agenda digital” que fortaleçam as relações com base em valores compartilhados de democracia, liberdade e direitos”.
Além disso, anunciou dados relevantes sobre a colaboração birregional “com um investimento europeu na América Latina de 640 bilhões de euros, dos quais, cerca de 150 bilhões são espanhóis, com milhares de pequenas, médias e grandes empresas já estabelecidas”.
Leitoras e escritoras: fenômeno ou revolução?
Com a moderação de Adrián Cragnolini, correspondente da Cadena 3 Argentina na Espanha, três autoras de sucesso e prestígio se reuniram para discutir suas experiências sobre a situação atual das mulheres no mundo da escrita. Participaram Reyes Monforte, jornalista e escritora; Julia Montejo, escritora, roteirista e diretora de cinema; e Reyes Calderón, escritora e professora universitária.
O jornalismo depois de Trump
A situação atual do jornalismo no mundo, com o surgimento das notícias falsas, as ingerências políticas na mídia e o ataque do presidente dos Estados Unidos a alguns meios de comunicação, foi abordada na seguinte mesa de debate, da qual participaram Jaime Abello Banfi, diretor-geral e cofundador da Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-americano; Rosa Belmonte, jornalista e colunista do diário ABC; e Benjamin Lana, diretor editorial de meios regionais e revistas da Vocento.
Esta primeira sessão da II edição do “Futuro en Español” em Múrcia concluiu com uma conversa intelectual entre Carlos Aganzo, jornalista e subdiretor da Fundação Vocento, com Santiago Roncagliolo, um dos escritores peruanos mais prolíficos.
O “Futuro en Español” em Múrcia apresenta-se como uma convocação imprescindível para o CAF devido à oportunidade de sinergias entre o encontro e centros de pesquisa de renome, empresas e autoridades, que permitem ao banco de desenvolvimento da América Latina entender os acertos e o caminho até chegar ao nível de excelência atual e, assim, poder incluí-lo no seu plano de ação.
Este fórum é uma iniciativa da Vocento e do CAF, que nasceu em 2011 com o fim de difundir as possibilidades que o uso do espanhol oferece no mundo, e para sondar a força do idioma como ponte para os negócios e a cultura.