Café da bacia do Canal do Panamá: uma história de sucesso
Há mais de três anos, os cafeicultores da bacia do Canal do Panamá viam distante a possibilidade de melhorar a qualidade da sua colheita e produção, comercializar o café de planície como um produto valioso e diferenciado, muito menos pensar em ter sua própria marca. Hoje, o que parecia impossível supera as expectativas de mais de 300 famílias beneficiadas.
A realidade de mais de 90 cafeicultores da bacia do Canal do Panamá é muito diferente da de três anos atrás, graças ao apoio do Canal do Panamá, por meio do Programa de Incentivos Econômicos Ambientais (PIEA) e do convênio de cooperação técnica do CAF - banco de desenvolvimento da América Latina - a favor da Fundação para a Conservação dos Recursos Naturais (Natura), que estabeleceu as bases para o desenvolvimento de competências técnicas dos produtores. Um projeto que, ao longo dos anos, gerou parcerias com outros atores a favor de um desenvolvimento agrícola que promove o progresso, a sustentabilidade e a preservação das águas que abastecem a rota interoceânica.
O objetivo é fortalecer as capacidades empresarial, técnica e organizacional da associação de cafeicultores de Cirí Grande e Trinidad e melhorar a produtividade e o valor agregado do café da região. O objetivo, ainda mais ambicioso, é estabelecer um modelo de comercialização de café na bacia do Canal do Panamá. Um desafio, mas não impossível.
Inicialmente, o processo por trás dessa história de sucesso previa a criação e a implementação de um programa de transferência de conhecimento e fortalecimento das habilidades de cerca de 60 produtores que fazem parte da “Asociación de Caficultores de la Subcuenca de los Ríos Cirí Grande y Trinidad del Canal de Panamá” (ACACPA). Na capacitação, foram abordadas técnicas para descascar e secar café e para uma gestão adequada da pós-colheita.
Susana Pinilla, diretora representante do CAF no Panamá, disse: “Comemoramos, com a comunidade de cafeicultores da bacia do Canal do Panamá, cada uma de suas conquistas, que só foram possíveis por meio da promoção da associatividade, da incorporação de boas práticas produtivas e da preservação das águas que alimentam a bacia do canal. Dessa forma, beneficia diretamente mais de 300 famílias que vivem dessa prática e indiretamente contribui para o crescimento econômico das comunidades envolvidas e seus arredores”.
Mas o trabalho não termina por aí. Esses cafeicultores, inseridos em uma área arborizada considerada inóspita por muitos, receberam uma preparação adicional que incluiu a criação e a implementação do sistema HACCP para os processos de colheita e pós-colheita (receber, secar, descascar, classificar, torrar, moer, embalar, armazenar e transportar) do café. Políticas e processos que foram construídos com parâmetros padrão definidos e validados em conjunto com as normas ACACPA.
“Sem o esforço conjunto de todos os envolvidos, teria sido impossível realizar este projeto. Começamos trabalhando com produtores que hoje são empresários, empreendedores. Aplaudimos o esforço que os cafeicultores dessa região de Capira colocam em suas atividades, conseguindo uma colheita de café robusta de alta qualidade”, disse Jorge Luis Quijano, administrador do Canal do Panamá, na inauguração da primeira unidade de processamento de café da ACACPA.
A cooperação técnica envolveu anos de formação teórica e prática com o trabalho no campo e uma participação ativa dos cafeicultores da bacia do canal, contribuindo para a construção de um sistema de produção e comercialização do seu café de acordo com suas necessidades e sua realidade.
A aprendizagem de métodos de promoção e desenvolvimento de uma nova carteira para a comercialização do café ACACPA, com sustentabilidade no curto e médio prazos, por meio de ferramentas eficazes de gestão em empreendimentos agrícolas, permitiu que alcançassem a última etapa em 2018, que era ter uma marca própria, CUENCAFE, sua primeira unidade de processamento de café, uma clientela mais robusta e aumentar sua produção em 175%. O esforço conjunto também permitiu o plantio de mais de 1 milhão de mudas de café robusta melhorado em cerca de 2.220 hectares de aproximadamente 95 comunidades e a criação de cerca de 1.322 fazendas de café arborizado.
Os resultados alcançados nestes anos podem ser vistos no aumento dos beneficiários diretos: 89 famílias, em 2016, e 300 famílias, em 2018. Os associados da ACACPA passaram de 60 associados, em 2016, para mais de 90, em 2018. Por outro lado, a produção de café registrou um aumento de 30%, em 2016, e de 175%, em 2018.
“Agradecemos às empresas que nos apoiaram neste caminho e aos colegas produtores. Superamos as etapas mais difíceis, e agora temos a tarefa de melhorar a cada dia a qualidade do nosso produto de acordo com as exigências do mercado. Continuaremos vivendo esse sonho que se tornou realidade e que representa o futuro dos nossos filhos”, concluiu o sr. Máximo Núñez, presidente do ACACPA.
Entre as organizações comprometidas com o desenvolvimento da atividade cafeeira na bacia do Canal do Panamá e lideradas pela ACP estão: o Ministério do Desenvolvimento Agropecuário, Fundação Natura, FOMIN-BID, Banco Interamericano de Desenvolvimento, CAF - banco de desenvolvimento da América Latina -, Manzanillo International Terminal, Ricardo Pérez e uma participação ativa de meia centena de voluntários do Canal do Panamá, que dedicaram mais de 1.300 horas de trabalho voluntário para a construção da infraestrutura necessária.