A Espanha e a América Latina necessitam grandes acordos para a gestão eficaz da água
“É um momento propício para promover um grande acordo pela gestão da água”, afirmou o ministro García Tejerina. O diretor corporativo do CAF para a Europa salientou a troca de experiências e conhecimentos entre empresários latino-americanos e espanhóis. O CAF e a Fundação Vocento organizam o “Futuro en Español” em Múrcia, evento sobre o idioma comum, a inovação e os desafios na gestão dos recursos hídricos.
O II Fórum “Futuro en Español” realizado em Múrcia, organizado pelo CAF, pela Fundação Vocento e pelo diário La Verdad, dedicado a “Recursos hídricos: inovação e desafios”, teve como uma de suas principais conclusões “a necessidade de a Espanha e a América Latina alcançarem grandes acordos pela gestão da água entre todos os atores envolvidos, a fim de garantir um uso eficaz, eficiente e sustentável em benefício da grande maioria dos cidadãos”.
A sessão de abertura contou com a participação da ministra da Agricultura e Pesca, Alimentação e Meio Ambiente da Espanha, Isabel García Tejerina; do governador da região de Múrcia, Fernando López Miras; do diretor corporativo para a Europa do CAF - banco de desenvolvimento da América Latina -, Guillermo Fernández de Soto; do prefeito de Múrcia, José Francisco Ballesta; e do diretor-geral do diário La Verdad, Antonio González García.
Em seu discurso, em que fez uma análise completa da situação atual dos recursos hídricos na Espanha e no mundo e revisou as medidas e o planejamento adotados, a ministra afirmou que “este é um momento propício para promover um grande acordo político pela gestão da água, para que haja o maior consenso possível em prol da sua estabilidade ao longo do tempo e seja um reflexo fiel do interesse geral de todos os espanhóis”.
De acordo com García Tejerina, o pacto em que estamos trabalhando deve “garantir o equilíbrio entre a defesa do meio ambiente e sua disponibilidade, além de atenuar os impactos das alterações climáticas”. Além disso, falou das iniciativas espanholas a fim de realizar ações coordenadas no âmbito internacional, porque “é urgente encontrar um equilíbrio sustentável entre a garantia de acesso à água e sua conservação com uma visão de futuro”, e lembrou que “a gestão da água se transformou em gestão da escassez e do risco de inundações”.
Guillermo Fernández de Soto, diretor corporativo do CAF para a Europa, disse que a água é um elemento estratégico na atuação do banco, porque “a América Latina possui um terço dos recursos hídricos do planeta, mas a água não está onde é necessária, nas áreas mais povoadas; portanto, enormes desafios devem ser enfrentados para atender às necessidades de todos, por meio de grandes acordos, que devem ser implementados com eficácia, eficiência e sustentabilidade”.
Além disso, salientou a oportunidade que a realização deste fórum oferece para que empresários de diversos países da América Latina possam compartilhar com empresários espanhóis experiências e conhecimentos na gestão da água, afirmando que “organizamos uma missão com empresários e servidores públicos latino-americanos para que conheçam em primeira mão os extraordinários avanços alcançados para que possam aplicá-los ao agronegócio latino-americano, com o objetivo de oferecer produtos com valor agregado aos cidadãos, não só produtos agrícolas não processados e a granel”.
Por sua vez, o governador da região de Múrcia, que há anos sofre muita escassez de água, salientou a necessidade de haver “certeza e garantia de disponibilidade de recursos hídricos com uma política em grande escala que encontre soluções para que seja possível realizar uma distribuição equitativa da água disponível”.
Garantiu que “Múrcia lidera, no âmbito nacional, o crescimento econômico e a criação de emprego na Espanha e, para que continue assim, os setores industrial, turístico e agroalimentar precisam de garantias”, porque, destacou, “não se trata de solucionar o problema da água no território espanhol, e sim de garantir a água a todos os espanhóis por meio de um pacto nacional que hoje está mais próximo”.
Para o prefeito de Múrcia, a questão da água tem uma dimensão nacional, porque “falar de água é falar de coesão, e não podemos esquecer que a coesão econômica diz respeito aos territórios; e a coesão social, às pessoas. E as pessoas estão acima dos territórios”.
A importância da relação entre a América Latina e a Espanha
Salvador Marín, presidente da Cofides, foi responsável por analisar a importância dos intercâmbios comerciais entre a Espanha e a América Latina.
Depois dos discursos de abertura, foi realizada a primeira mesa-redonda sobre “Governança da água na América Latina e na Espanha”, moderada por Gonzalo Delacámara, diretor acadêmico do Fórum da Economia da Água, com a participação de Eduardo Orteu, chefe de unidade de apoio da Direção-Geral da Água; Fernando Luis D’Angelo; do secretário de Assuntos Agrários da província de Salta; e Felipe Martín Cuadrado, gerente-geral da MAS Recursos Naturales S.A. (Chile).
O uso da água, tecnologia e dessalinização foi o tema abordado pela seguinte mesa-redonda, moderada por Antonio Ramsés Morales, especialista setorial de Água e Saneamento do CAF, com a participação de Milagros Couchoud, presidente do Instituto Mediterrâneo da Água; Domingo Zarzo Martínez, presidente da Asociación Española de Desalación y Reutilización; e Luis Pita Chávez, diretor de projeto de infraestrutura hidráulica e irrigação na Proinversión (Peru).
A mesa sobre Inovação para o aproveitamento dos recursos hídricos foi moderada por Manuel Buitrago, redator-chefe do diário La Verdad. Especialista em água, com a participação de José García Ruiz, gerente da Cooperativa San Cayetano; José María Montalbán, gerente de exportação da NGS; Leonor Lazarte de la Torre, subgerente de produção agrícola da empresa San Miguel (Peru); e Juan Carlos Zamora, chefe de unidade técnica do CITE Agroindustrial (Peru).
A cerimônia de encerramento do Fórum ficou a cargo de Miguel Ángel del Amor Saavedra, conselheiro de Água, Agricultura, Pecuária e Pesca de Múrcia, e Liana Ardiles, diretora-geral de Água do Ministério de Agricultura e Pesca, Alimentação e Meio Ambiente da Espanha.
O “Futuro en Español” em Múrcia apresenta-se como uma convocação imprescindível para o CAF devido à oportunidade de sinergias entre o encontro e centros de pesquisa de renome, empresas e autoridades, que permitem ao banco de desenvolvimento da América Latina entender os acertos e o caminho até chegar ao nível de excelência atual e, assim, poder incluí-lo no seu plano de ação.
Este fórum é uma iniciativa da Vocento e do CAF, que nasceu em 2011 com o fim de difundir as possibilidades que o uso do espanhol oferece no mundo, e para sondar a força do idioma como ponte para os negócios e a cultura.