O papel dos organismos multilaterais no desenvolvimento econômico do Uruguai
O CAF participou de uma atividade organizada pela Câmara de Comércio e Indústria Uruguai-Alemanha, em que especialistas nacionais e internacionais analisaram propostas para o desenvolvimento.
O crescimento da economia uruguaia, os desafios tecnológicos, econômicos e sociais voltados para o desenvolvimento do país e o papel dos organismos multilaterais foram os eixos de um encontro organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Uruguai-Alemanha.
Durante o encontro, Germán Ríos, diretor representante do no Uruguai, falou da importância dos organismos internacionais para ajudar a compreender as necessidades de cada país e a desenvolver propostas para atendê-las.
“Acreditamos que somos um banco de desenvolvimento com duas missões fundamentais na América Latina. Uma delas é a integração regional. Considerando que o Uruguai é um país pequeno que precisa se conectar com o mundo, parte do nosso trabalho tem a ver com sua conectividade física com os países vizinhos e com a logística. A segunda é o desenvolvimento sustentável. Somos uma instituição versátil, ágil e competitiva nos âmbitos regional e mundial. Podemos contribuir com conhecimentos e experiência externa para apoiar o desenho de políticas públicas”, explicou.
Além disso, detalhou os projetos de infraestrutura que o CAF está realizando no país, como os programas de investimento em infraestrutura rodoviária, os projetos de água e saneamento e o programa de fortalecimento do sistema elétrico nacional, entre outros. Salientou que a carteira de projetos é de aproximadamente um bilhão de dólares, sendo que as despesas são de cerca de 200 milhões de dólares anuais.
Ríos salientou o apoio do CAF à educação por meio do desenvolvimento de infraestrutura e da implementação de projetos que incluem a análise do vínculo que os jovens mantêm com seu centro de estudos e as possibilidades reais de conseguir trabalho. “Um dos problemas que queremos atacar é a deserção do ensino médio e como fazer para que os jovens sejam inseridos no mercado de trabalho”.
Por sua vez, Mario Bergara, presidente do Banco Central do Uruguai (BCU), falou de sua visão sobre a economia internacional e sua influência no âmbito nacional. “É claro que os fatores políticos, geopolíticos, financeiros e comerciais provocam um ambiente de incerteza, mas também criam oportunidades. Vemos muita volatilidade nos mercados financeiros e na dinâmica tecnológica em escala mundial”, explicou.
Bergara afirmou que o investimento, que é de cerca de 18% do Produto Interno Bruto (PIB), é um foco de preocupação para o governo, que reformulou os parâmetros do regime de promoção de investimentos.
Por outro lado, falou dos desafios fiscais e da situação da segurança social no médio e longo prazos, bem como da automação das tarefas e suas implicações no mercado de trabalho. “O Uruguai tem condições para enfrentar as mudanças que a tecnologia traz”.
Matilde Bordón, representante residente do Banco Mundial no Uruguai, destacou que a economia uruguaia mostrou uma grande resiliência e um forte desempenho durante os últimos anos e afirmou que, para ter um desenvolvimento sustentável, o governo uruguaio deverá levar em conta aspectos demográficos, educacionais e de infraestrutura.
De acordo com estimativas do organismo, o crescimento local continuará se acelerando em 2018, apoiado pelo consumo privado, pelas exportações de seus parceiros comerciais em recuperação e pela reabertura de alguns mercados. Nesse sentido, espera-se um crescimento de 3,3%, com tendência de estagnação em 2019.
Morgan Doyle, representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Uruguai, explicou que as empresas que investem em inovação apresentam um crescimento em sua produtividade, exportações, vendas e empregos. “O investimento em P&D cresceu nos últimos anos, atingindo 0,4% do PIB, mas ainda tem muito para avançar. Níveis baixos de inovação levam a exportações de pouca sofisticação tecnológica”, afirmou.
Erwin Bachmann, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Uruguai-Alemanha, e Artur Brunner, encarregado de negócios da embaixada alemã, também participaram do evento.