Cidades resilientes, essenciais no atendimento a desastres naturais
As cidades do futuro deverão ser resilientes e contar com uma gestão pública capaz de reduzir riscos e de responder de forma eficaz à ocorrência de um desastre natural.
Entre 2005 e 2012, os desastres naturais causaram estragos na América Latina. Tiraram a vida de 240.000 pessoas, afetando outras 57.000 e causando danos estimados em USD 85 bilhões, valor equivalente a aproximadamente o PIB do Equador.
Na América Latina, durante a última década, 80% das perdas registradas devido a desastres naturais ocorreram em áreas urbanas, e entre 40 a 50% em cidades com menos de 100 mil habitantes (UNHabitat, 2012). A estimativa de perdas anuais esperadas devido à ocorrência de desastres naturais na região é de USD 62 bilhões, um valor que representa um desafio para as finanças públicas nacionais, dada a importância econômica das cidades.
Além disso, entre 2000 e 2013, somente na América Central e na América do Sul, os fenômenos hidrometeorológicos (secas, inundações, precipitações extremas ou ciclones tropicais) causaram mais de 13.000 mortes, afetaram mais de 53 milhões de pessoas e causaram perdas de aproximadamente USD 52 bilhões, de acordo com a Universidade de Leuven.
Casos como o terremoto na Cidade do México em fevereiro de 2018, a avalanche em Mitú (Colômbia) em janeiro de 2017 e a mais recente erupção do vulcão de fogo na Guatemala, são apenas alguns exemplos do impacto que os eventos naturais extremos podem ter sobre as sociedades latino-americanas e da necessidade de se tomarem medidas para atenuar os piores efeitos desses desastres.
A esta situação deve-se acrescentar os efeitos da mudança climática, que entre outras coisas deverá aumentar a intensidade de alguns fenômenos naturais, da exploração excessiva dos recursos naturais e os efeitos associados aos aumentos populacionais, que estão aumentando a exposição dos cidadãos à incidência de situações de risco.
Parte do motivo da vulnerabilidade de muitas cidades da América Latina diante desse tipo de fenômeno se encontra na fragilidade do planejamento e da gestão urbana, esta última agravada pela crescente urbanização que leva à ocupação de zonas inadequadas para a construção de moradias, por exemplo, ou ao crescente congestionamento de automóveis e à consequente geração de emissões.
“O planejamento urbano moderno deve incluir um enfoque abrangente e preventivo da gestão de riscos. É necessário, portanto, o desenvolvimento de estratégias que considerem a identificação correta dos cenários, a priorização dos riscos que se deseja abranger e a seleção de instrumentos de financiamento tanto para reduzir riscos como para abordar os desastres de forma eficaz”, afirma Abenamar de la Cruz, especialista em desenvolvimento social do CAF – banco de desenvolvimento da América Latina.
Até o momento, a região pode mostrar alguns avanços nessa área. A Colômbia, por exemplo, conta com a Unidade Nacional para a Gestão do Risco de Desastres (UNGRD), que orienta e coordena a Gestão do Risco de Desastres no país; o Peru possui o Plano Nacional de Gestão de Riscos de Desastres 2014 – 2021, que busca, entre outras coisas, minimizar os efeitos adversos dos desastres naturais sobre a população, a economia e o meio ambiente.
O CAF - banco de desenvolvimento da América Latina - no âmbito de sua estratégia para o atendimento às cidades, expôs a necessidade de se promover uma iniciativa regional para apoiar o fortalecimento dos Planos Nacionais para a Gestão Financeira e a Mitigação do Risco. Una iniciativa para estabelecer os recursos técnicos e econômicos de que cada país necessita para fortalecer seus planos, o que serviria de base para que instituições como o CAF e outras possam apoiar de maneira mais eficaz as ações promovidas pelos países da região em matéria de gestão e redução do risco.
Estes e outros temas serão discutidos na VI Plataforma para a Gestão de Redução de Riscos, organizada pela ONU, no período de 20 a 22 de junho em Cartagena, Colômbia, que pretende construir uma estratégia regional que apoie a criação de planos nacionais para a gestão financeira e a mitigação do risco em caso de eventos naturais extremos.