Rei da Espanha defende aumento da colaboração e do investimento na América Latina
Monarca participa de abertura da Reunião de Conselho do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- em Madri e garante que a “Ibero-América é e sempre será uma prioridade para a Espanha”. CAF realiza Reunião de Conselho pela primeira vez na Espanha e aprova investimento de US$ 785 milhões para projetos de desenvolvimento na América Latina.
O rei da Espanha inaugurou, nesta manhã, no Real Casino de Madri, a Reunião de Conselho do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina, realizada pela primeira vez fora do continente americano.
Em sua chegada, o monarca foi recebido pelo presidente-executivo do CAF, Luis Carranza, pela secretária de Estado de Economia e Apoio à Empresa, Ana de la Cueva, e pelo presidente do Conselho e ministro de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão do Brasil, Esteves Colnago. Após saudação aos participantes e foto oficial, foi dado início à cerimônia de abertura com a entrega ao rei de uma placa em homenagem à sua presença na reunião.
Em seu discurso, o rei destacou a extraordinária evolução do CAF até se tornar um banco de desenvolvimento que “já está entre as principais referências em termos de financiamento multilateral na região”. Afirmou, também, que, para a Espanha, “é uma honra fazer parte de uma instituição tão valorizada internacionalmente”.
O monarca espanhol ressaltou a presença do CAF em Madri “como um notável centro de interligação entre a Ibero-América, a Espanha e a Europa, um sinal claro de nossos laços estreitos”. E assegurou que a “Ibero-América é e será sempre prioridade para a Espanha”. Em sua intervenção, Felipe VI defendeu o incremento das relações comerciais entre a Espanha e a América Latina, afirmando que “nos últimos dez anos, o crescimento foi de 46%, número que nos deixa orgulhosos e certos de que os próximos anos também serão de expansão”.
Em matéria de investimentos, o rei atribuiu valor especial à sólida participação de grandes empresas espanholas na Ibero-América nos setores bancário, de seguros, telefonia, energia, água ou infraestruturas, o que “permite somar crescimento e progresso”, e lembrou que “a Espanha, junto com os Estados Unidos, é o investidor de referência na região, principalmente em investimentos produtivos e de longo prazo, contribuindo positivamente para o desenvolvimento e a integração da região”.
O presidente-executivo do CAF, Luis Carranza, destacou a união da América Latina e da Espanha devido aos laços históricos, políticos, culturais e econômicos, afirmando que “trata-se de uma relação estratégica e prioritária, constituindo uma zona de influência compartilhada na geopolítica global, sobre a qual não há dúvidas. Hoje, mais do que nunca, é essencial preservar o elo transatlântico e consolidar a associação birregional pela qual tanto lutamos”.
Carranza lembrou que a Espanha sempre esteve presente nos momentos mais difíceis da América Latina, que o investimento espanhol na região atinge quase EUR 140 bilhões e que as empresas espanholas na América Latina são motores de desenvolvimento, geram emprego e intercâmbio de conhecimento. No sentido contrário, afirmou que 36,5% do estoque de investimento estrangeiro direto extracomunitário na Espanha vêm da América Latina e que a Espanha é uma referência na cooperação para o desenvolvimento, além de ser líder e promotora da agenda de cooperação com a União Europeia.
Nesse contexto, Carranza assinalou que “um dos nossos principais desafios é melhorar a produtividade para que possamos competir em nível global. O CAF promove essa importante tarefa, da qual a Europa pode vir a ser uma aliada formidável”.
O presidente do Conselho do CAF e ministro de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão do Brasil, Esteves Colnago, destacou que “o objetivo é discutir como incrementar as infraestruturas para promover a tão sonhada integração regional na América Latina”. Também salientou que as infraestruturas são um fator essencial para o desenvolvimento, pois diminuem os custos de logística, estimulam a produtividade entre os países e desenvolvem a competitividade por meio das cadeias produtivas de valor e do comércio intrarregional e internacional.
Colnago mostrou-se a favor de “impulsionar a agenda de infraestrutura, focando em projetos de integração regional”, porque “não se trata apenas de criar infraestruturas e corredores logísticos para ter conexões físicas, mas que sejam funcionais e integrem áreas de desenvolvimento diferentes, como clusters produtivos, serviços, eixos de interligação, fronteiras, áreas metropolitanas ou terminais portuários. Somente assim será possível otimizar sua função e ter um impacto direto na produtividade e na competitividade nos países da região”.
Após a cerimônia de abertura, deu-se prosseguimento à reunião, em que foram aprovados diversos projetos de desenvolvimento na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia e Equador com investimento total de US$ 785 milhões.
A Reunião de Conselho foi realizada pela primeira vez na Espanha, um dia depois da Conferência CAF Infraestrutura para a Integração da América Latina, na Casa de América, também em Madrid.