Hackathon social pela paz na Colômbia
Mais de 70 jovens se uniram ao Hackathon Social pela Paz, organizado no Laboratório DIA (Democratizando a Inovação nas Américas), em Bogotá, para buscar soluções para os desafios de reconciliação entre vítimas de conflitos armados e ex-combatentes na Colômbia.
A iniciativa, que faz parte das atividades do Laboratório de Inovação para a Paz, um projeto do Trust for the Americas, CAF - banco de desenvolvimento da América Latina - e a Universidade Nacional da Colômbia, contou com a participação de especialistas convidados que trabalharam lado a lado com os jovens no desenvolvimento de suas ideias.
Os participantes, que se reuniram em 21 de julho, foram divididos em seis grupos de cerca de 12 pessoas e receberam a instrução de buscar uma solução para o seguinte desafio: como construir estratégias inovadoras de reconciliação entre vítimas e ex-combatentes, tanto no setor rural como no urbano, que possam ser implementadas nos próximos dois anos? Este desafio deveria ser resolvido em uma hora e meia. Os membros de cada grupo apresentaram as suas propostas, na forma de pitch, com uma duração máxima de três minutos. Estas propostas foram avaliadas com base em critérios de relevância, viabilidade, impacto e sustentabilidade.
A ideia vencedora foi a Loja do Saber para a reconciliação, uma aplicação tipo loja em que tanto as vítimas quanto os autores possam oferecer produtos, para que os consumidores possam conhecer a história por trás de cada item ou produto. Esta iniciativa surgiu pelo fato do grupo ter notado que uma das causas que dificultam a reconciliação é a falta de oportunidades para aqueles que já foram atores do conflito, apesar de vários deles terem diversas ideias de negócios com grande potencial e todos terem amplos conhecimentos dos territórios. Os desenvolvedores ressaltaram que é uma ferramenta inovadora não só por ser a primeira aplicação deste tipo, como também pelo fato de o consumidor poder ver quem está por trás dos produtos, saber mais sobre sua história, quanto tempo o item demorou para ser produzido e saber para onde vai o investimento de sua compra.
Outras ideias de destaque que surgiram do Hackathon são as seguintes:
Tecendo o Território
Este projeto seria desenvolvido em Usme, Bogotá. Foi baseado na importância de criar um processo de reconciliação entre vítimas e ex-combatentes, um elemento de construção da comunidade e um caminho para a melhoria das condições de vida da população. Foram propostas ações específicas tais como encontros de aprendizagem, nos quais aqueles que um dia foram atores de conflitos armados possam realizar exercícios que lhes permitam reconhecer suas emoções; tecendo a paz, atividade que contribui com a construção coletiva; e o plantio, para que as pessoas possam começar a produzir seus próprios alimentos.
Reconstruindo Ideias para a Paz
Trata-se de um laboratório de reconciliação e empreendedorismo agrícola projetado para Sumapaz, em Bogotá, no qual são tratadas as sequelas psicológicas de atores de conflitos tais como vítimas e aqueles que um dia foram os autores. Ali seriam realizadas capacitações agrícolas e de fabricação a fim de criar um projeto autossustentável no qual a cadeia de produção seria controlada desde colheita até a comercialização dos produtos.
Prefiro a Paz
Este projeto foi proposto para ser desenvolvido em três locais de Bogotá. Na primeira etapa seria utilizada a pedagogia do jogo, convidando as famílias para participar de várias atividades pedagógicas. Os desenvolvedores destacaram a importância do jogo no papel de reconciliação, pois afirmam que esta atividade permite que os indivíduos se reconheçam como iguais e identifiquem suas habilidades e talentos. Na segunda fase, propuseram agrupar as pessoas para que os projetos de produção fossem desenvolvidos de acordo com suas habilidades; posteriormente, seria criada uma cooperativa. Este projeto trabalha não só em benefício da melhoria econômica daqueles que fazem parte dele, mas também na possibilidade de uma cura emocional.
Paz nas Carretas
Os participantes que desenvolveram essa ideia propuseram a criação de uma unidade móvel (uma carreta), que seria colocada em Kennedy e teria uma equipe formada por psicólogos, economistas, assistentes sociais, enfermeiros, engenheiros e professores. A carreta teria como objetivo apoiar a reconciliação entre ex-combatentes e vítimas, por meio de um processo que inclui um guia técnico completo composto por um diagnóstico da situação das pessoas em nível econômico e psicológico; uma análise da terapia a ser implementada (conforme cada caso); e a socialização com o paciente nas etapas seguintes. Além disso, foram propostas oficinas de yoga, meditação, oração, biodança e teatro, bem como outras atividades de habilidades transversais para ajudar com o fortalecimento físico e psicológico das pessoas presentes. Por fim, haveria uma orientação para a inclusão social e no trabalho, bem como para o desenvolvimento do empreendedorismo ou núcleos produtivos aos participantes do projeto.
Reconciclathon
É a instalação de uma oficina de bicicletas em Mitu, capital do departamento de Vaupés, na qual elas seriam projetadas, construídas e comercializadas. Graças a este projeto seriam gerados dez empregos diretos que, além disso, ajudariam na construção do tecido social. Os lucros obtidos com a bicicletas seriam destinados à realização de oficinas psicossociais, passeios guiados de bicicleta e a criação de um aplicativo móvel no qual estes produtos também seriam vendidos, e as atividades organizadas sobre o projeto seriam divulgadas.
Novas atividades
Em 19 de agosto, o Laboratório DIA de Inovação para a Paz tem como objetivo capacitar um total de 250 pessoas nas sedes da UNAL em Bogotá, Arauca, Tumaco e Manizales. Antes desta data, a sede de Manizales celebrará um pequeno Hackton-Pitch Tank.
Por sua vez, a sede da UNAL em Bogotá celebrará um Pitch Tank no sábado, 4 de agosto. Neste evento, um grupo de especialistas avaliará cerca de 50 propostas de projeto com base em critérios de relevância, viabilidade, impacto e sustentabilidade. Como resultado deste exercício, os 12 melhores projetos serão escolhidos. Estes projetos serão premiados por meio de mentorias com uma equipe especializada dentro e fora da UNAL a fim de acompanhar os jovens no processo de desenvolvimento de seus projetos.
O Laboratório de Inovação para a paz já capacitou mais de 200 jovens na metodologia DIA buscando democratizar o acesso a uma rede de laboratórios de inovação a fim de incentivar a criatividade e a inovação nos jovens e ativar seu potencial em favor da identificação e elaboração de projetos que contribuam para a reconciliação social e a construção da paz. Estas inovações visam ser soluções concretas, práticas, de baixo custo, grande impacto e alta qualidade que resolvam problemas associados aos efeitos dos conflitos armados e a violência no país.