Aumento da produtividade e estabilidade fiscal, as grandes alocações pendentes da América Latina
No segundo dia da Conferência CAF, foram debatidas as medidas mais eficazes para que a América Latina aumente seus níveis de produtividade, assim como as políticas mais convenientes para que possa equilibrar as contas fiscais e alcançar uma estabilidade macroeconômica a médio e longo prazo.
Aumentar a produtividade e alcançar estabilidade fiscal são os dois desafios mais urgentes da América Latina para retomar um crescimento sustentado no médio e longo prazo, permitindo ampliar os ganhos sociais alcançados nas últimas décadas e acabar com as brechas socioeconômicas que separam a região das economias mais avançadas.
Estas são algumas das conclusões dos especialistas que participaram do segundo dia da Conferência CAF, celebrada em Washington DC em 5 e 6 de setembro, organizada pelo CAF –banco de desenvolvimento da América Latina–, pelo Diálogo Interamericano e pela Organização dos Estados Americanos.
"A baixa produtividade na América Latina está mais relacionada a 'como' se produz, e não 'com o que' se produz. Ou seja, o foco está em como os recursos são alocados nos segmentos econômicos, e não no porquê de todos os setores produzirem pouco", declarou Pablo Sanguinetti, vice-presidente de Conhecimento do CAF.
Nesse sentido, Jorge Familiar, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina, declarou que “não estamos em uma situação de preservar o crescimento, mas sim temos que continuar trabalhando para melhorar esse crescimento. Nossos países devem trabalhar para chegar a um recorde de boas práticas macroeconômicas a fim de nos ajudar a gerar mais confiança nos mercados”.
Para Santiago Levy, vice-presidente de Setores e Conhecimento do BID, as empresas menos produtivas absorvem uma grande quantidade de capital e trabalho. “Se não ajustarmos as políticas públicas que levam a um grande número de indivíduos a se comportarem de forma rentável, porém socialmente ineficiente, não resolveremos o problema da produtividade”, alegou.
Os palestrantes concordaram que um dos fatores determinantes para aumentar a produtividade é a inovação, o empreendedorismo e a promoção de ecossistemas empresariais dinâmicos. Neste sentido, José Juan Haro, diretor de políticas públicas para a América Latina da Telefônica, declarou que tanto as empresas formais como as informais estão enfrentando um novo paradigma como consequência da revolução digital, mas que são as primeiras a enfrentar um desafio maior, já que devem “desaprender” processos instalados há anos para continuar inovando e sendo produtivas.
De acordo com Mariana Costa, fundadora e presidente da empresa Laboratoria, é essencial que empresas promovam uma cultura muito mais ágil, aberta, menos avessa ao risco e mais tolerante com o fracasso, para poder competir no contexto atual de negócios. “O período em que estamos vivendo é o de grandes mudanças que não irão retroceder. Isto tem implicações importantes em todos os níveis educacionais, já que as habilidades pessoais serão as mais importantes. Em um mundo onde as informações podem ser acessadas, é necessário ter critérios para saber quais informações são valiosas e quais não são”, assegurou.
Outros temas abordados no workshop de hoje incluíram o fortalecimento das instituições, mecanismos para erradicar a corrupção, a qualidade dos investimentos em infraestrutura, o fortalecimento dos sistemas judiciais, o surgimento de novas tecnologias e o papel do setor privado no desenvolvimento dos países.
O workshop vespertino discutiu questões relacionadas à implementação de políticas públicas a longo prazo que alcancem um desenvolvimento sustentável, e também focou nas eleições e desenvolvimentos políticos na América Latina, especificamente no Brasil, Colômbia, México, Paraguai e Venezuela.
Os melhores momentos da 22ª Conferência Anual CAF podem ser vistos aqui.