Os desafios da Argentina para aumentar a produtividade
Conclusões do Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED) 2018 do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina, apresentado em Córdoba, que analisa os desafios do continente para dar o salto de produtividade.
É uma das conclusões apresentadas pelo Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED) 2018 do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina, apresentado hoje em Córdoba, em que são analisados os desafios do continente para dar o salto de produtividade.
A América Latina precisa elaborar e implementar uma agenda de reformas institucionais com foco na produtividade, a fim de melhorar o ambiente em que as empresas operam e, assim, promover a eficiência na alocação de recursos, a inovação e uma maior integração produtiva. Esta é uma das sugestões do Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED) 2018 intitulado “Instituições para a produtividade: em prol de um melhor ambiente empresarial” realizado pelo CAF e que foi apresentado hoje no Hotel Sheraton na cidade de Córdoba.
A cerimônia de abertura esteve a cargo da Presidente da Fundação Mediterrânea, María Pía Astori, juntamente com o representante do CAF na Argentina, Abelardo Daza. Em seguida, o vice-presidente de Conhecimento do CAF, Pablo Sanguinetti, apresentou os principais conceitos do RED 2018 que se concentra em fatores que afetam as empresas de forma transversal, como o grau de concorrência, o acesso a insumos e a cooperação entre empresas, as relações laborais e o financiamento.
Durante sua apresentação em Córdoba, Pablo Sanguinetti explicou: "O problema da produtividade é transversal: em todos os setores que compõem a economia, constata-se um atraso considerável em relação aos países líderes. Isso se deve, em parte, a um grau significativo de informalidade na produção, que está presente na maioria dos setores. Mas se deve, também, a problemas de produtividade no segmento formal, em termos de ineficiência na alocação de recursos entre as empresas e, em particular, de sua produtividade relativamente baixa. Por exemplo: em 9 dos 10 setores analisados, o produto do trabalhador médio na região foi inferior a 50% em comparação com os Estados Unidos"
A apresentação do RED 2018 na Argentina prosseguiu com a análise do economista da Fundação Mediterrânea e presidente do Instituto de Estudos sobre a Realidade Argentina e Latino-Americana (IERAL), Marcelo Capello, sobre o relatório. Por fim, o jornalista Walter Giannoni, do jornal La Voz del Interior, foi o moderador de um painel formado pelo ministro da Indústria, Comércio e Mineração da província de Córdoba, Roberto Avalle, pelo presidente da Porta Hermanos, Jorge Porta, e pelo pesquisador do IERAL Gerardo García Oro, junto com Pablo Sanguinetti.
No caso específico da Argentina, o relatório identifica os desafios associados a um baixo nível de competitividade local, de acordo com a percepção empresarial medida pelo Índice de Competitividade Mundial produzido pelo Fórum Econômico Global. No que diz respeito às relações trabalhistas, a Argentina obteve avanços significativos, reduzindo sua taxa de informalidade dos trabalhadores assalariados em 16 pontos percentuais, atingindo 33% no período 2001-2015. No entanto, o país mantém – juntamente com a Colômbia – discrepâncias significativas de salários entre os trabalhadores formais e informais. E em termos de financiamento, o RED 2018 mostra que o crédito interno concedido ao setor privado, como porcentagem do PIB, foi de apenas 14% na Argentina, enquanto a média regional é de 50% e no Chile ficou em 112%.
Para dar o salto de produtividade, é necessária uma adequação da estrutura institucional que promova um melhor ambiente produtivo que incentive mais inovação, mais eficiência na alocação de recursos e uma maior integração produtiva. Esta mudança institucional é complexa e exige grandes consensos políticos, que nem sempre são fáceis de conseguir. Por meio do RED 2018, apresentado hoje na Argentina, o CAF pretende oferecer conhecimento sobre quais iniciativas são mais úteis para construir pontes e avançar no caminho para conquistar um maior desenvolvimento dos países da região.