O México precisa aumentar a produtividade para alcançar o crescimento econômico no médio e longo prazos
Os baixos níveis de produtividade no México e na América Latina estão por trás das principais lacunas de desenvolvimento que os separam das economias mais avançadas, de acordo com um estudo do CAF
A América Latina precisa de reformas institucionais para impulsionar a produtividade. Para isso, será necessário promover uma alocação mais eficiente de recursos e incentivar a inovação, de acordo com o Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED 2018), publicado pelo CAF-banco de desenvolvimento da América Latina- e apresentado em 29 de abril no Tecnológico de Monterrey, Campus de Santa Fé.
Para comentar o relatório, destaca-se a participação de Valeria Moy, diretora-geral do México ¿cómo vamos?, Elisa Mariscal, diretora do Global Economic Group e Edgardo Ayala, professor do Tecnológico de Monterrey, membros do painel que abordaram o problema da produtividade no país partindo de suas áreas de experiência.
"Para poder entender por que temos um atraso produtivo e, assim, atacar a baixa produtividade, é necessário entender quais são as barreiras fundamentais que impedem as empresas de inovar e os mercados de alocar os fatores produtivos de forma eficiente", disse Fernando Álvarez, economista sênior, da Direção de Pesquisas Socioeconômicas do CAF. Por sua vez, Emilio Uquillas, representante do CAF no México, disse que "o relatório deste ano é um elemento a ser considerado dentro das políticas públicas, para construir o que o banco promove e que é um pacto pela produtividade".
Segundo o estudo, o atraso na região deve-se a uma produtividade muito baixa de todos os setores que compõem suas economias, mais do que ao fato de que a região tenha, em comparação com países desenvolvidos, uma forte concentração de seus recursos em setores que registram uma produtividade particularmente baixa. Essa baixa produtividade nos diversos setores, por sua vez, responde a fraquezas no processo de entrada e saída de empresas, à baixa inovação ou crescimento da produtividade daquelas que sobrevivem, e a uma distribuição ineficiente do emprego e do capital entre as empresas, incluindo as que operam na informalidade, especifica o relatório.
O diagnóstico para o México não difere, em geral, dos demais países da região, com certas nuances. Por exemplo, entre 2004 e 2014, o México registrou uma produtividade total dos fatores de 43% em relação aos EUA, valor ligeiramente superior à média regional de 37%. Por outro lado, a informalidade é particularmente elevada, especialmente quando comparada à dos países com receitas semelhantes dentro da região, e a lacuna salarial entre trabalhadores formais e informais foi a terceira mais alta (28%) em um grupo de dez países analisados na América Latina, cuja média é de 24%. Esta lacuna é uma manifestação de ineficiências na alocação do fator trabalho e é indicativa de que a informalidade é uma característica notória do problema de baixa produtividade.
O RED 2018 foca em fatores que afetam as empresas de forma transversal, independentemente do setor onde elas operem, como o grau de concorrência, o acesso a insumos e a cooperação entre empresas, as relações laborais e o financiamento. A evidência apresentada no relatório mostra que, nas economias latino-americanas, há desafios significativos em todas essas áreas. Por exemplo, a região tem em média mercados nos quais o nível de concorrência é menor em comparação com regiões mais desenvolvidas, o que se reflete em preços mais elevados, especialmente no setor de serviços. Para melhorar este aspecto, é muito importante aumentar as capacidades das agências de defesa da concorrência, reduzir barreiras à entrada das empresas e promover o comércio e a integração internacional, que ainda são limitados por barreiras fiscais e logísticas.
Por fim, o RED conclui que, para dar o salto na produtividade, é essencial adaptar o tecido institucional para alcançar um ambiente produtivo que incentive mais inovação, mais eficiência na alocação de recursos e uma maior integração produtiva.
Por meio do RED 2018, o CAF pretende contribuir com conhecimento sobre quais iniciativas são mais úteis para construir pontes e avançar no caminho para um maior desenvolvimento dos países da região, com base em ganhos contínuos de produtividade.