A China e a América Latina e o Caribe buscam expandir sua cooperação econômica e comercial em meio à incerteza global
O 2º Fórum de Investimento e Cooperação de Alto Nível China-América Latina foi realizado na sede da CEPAL em Santiago do Chile.
Com a presença de altas autoridades do governo da China, representantes de organismos internacionais e regionais, bancos de investimentos, dos setores público e privado, especialistas, acadêmicos e diplomatas, foi realizado hoje, na sede da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), em Santiago do Chile, o 2º Fórum de Investimento e Cooperação de Alto Nível China-América Latina.
O encontro, organizado pela CEPAL, pelo CAF - banco de desenvolvimento da América Latina - e pelo Ministério das Finanças da República Popular da China, visa a ser um espaço de discussão sobre melhores práticas e novas áreas de cooperação entre ambas as partes, bem como contribuir oportunamente para os processos de formulação de políticas de muitos países e instituições de desenvolvimento regional.
O fórum foi inaugurado por Mario Cimoli, secretário-executivo adjunto da CEPAL, em representação da secretária-executiva do organismo, Alicia Bárcena; Luis Carranza, presidente-executivo do CAF; e Yu Weiping, vice-ministro do Ministério das Finanças da China.
Em suas palavras de boas-vindas, Mario Cimoli destacou a crescente cooperação entre a China e a América Latina e o Caribe, cujo comércio bilateral superou os 307 bilhões em 2018. Hoje, o país asiático é o segundo maior parceiro comercial da América Latina e do Caribe, somente trás dos Estados Unidos, representando 11% das exportações regionais e 18% das suas importações em 2017. De fato, desde 2015, a China já é o principal parceiro comercial da América do Sul.
"Ainda há muito espaço para melhorar a nossa cooperação. Do ponto de vista da América Latina e do Caribe, um desafio fundamental em sua relação com a China é diversificar suas exportações para a China, que permanecem fortemente concentradas em alguns produtos básicos. Este segundo fórum é um passo importante para alcançar esse objetivo. É crucial discutirmos a importância de questões relativas à China e à América Latina nesse contexto global de constante mudança, oportunidades de negócios e investimentos na América Latina, alavancagem do financiamento de infraestrutura para o desenvolvimento, bem como promover a atuação industrial abordando a mudança climática por meio de novas tecnologias, indústria e modelos".
"Além disso, este seminário é realizado no melhor momento político da nossa região, a poucos dias da realização da Cúpula APEC e da COP 25 aqui no Chile, quando serão discutidos os acordos comerciais, em meio a um crescimento global restrito com investimentos e comércio em queda. Portanto, discutir essas questões aqui é essencial, a fim de favorecer o entendimento dos diferentes padrões de desenvolvimento nos intercâmbios propiciados pela CEPAL e pelo CAF e em que o governo da China tem um papel cada vez mais importante”.
Por sua vez, Luis Carranza falou dos importantes avanços econômicos e sociais que a América Latina e o Caribe têm alcançado nos últimos tempos, mas que têm diminuído ultimamente. "Apesar dos avanços, ainda há enormes desafios pela frente, como a redução das lacunas em termos de infraestrutura, desigualdade e produtividade. Nisso, a China é um parceiro muito importante para a complementaridade dos modelos de desenvolvimento desse país e da nossa região".
"É essencial que a CEPAL e o CAF sejam ferramentas úteis para nossos países, fortalecendo a relação entre a China e a América Latina", acrescentou Carranza.
Tanto Cimoli quanto Carranza destacaram a relevância da Iniciativa Cinturão e Rota, impulsionada pela China nos últimos anos. Ambos concordaram em que a ampliação dessa iniciativa para a América Latina e o Caribe oferece grandes oportunidades para a região e pode ser um mecanismo viável para alcançar os objetivos da Agenda 2030 para Desenvolvimento Sustentável.
Por outro lado, o vice-ministro, Yu Weiping, salientou que as relações entre ambas as partes têm tido um alto nível de cooperação, com grandes resultados, e fez um chamado para que esse intercâmbio seja ampliado em todos os aspectos. "Estamos em um período de crescimento nas relações China-América Latina. Devemos continuar ampliando a cooperação com base no princípio do benefício recíproco e do respeito mútuo, a fim de alcançar o melhor desenvolvimento".
O vice-ministro também falou da necessidade de fortalecer a estratégia de cooperação mútua, com iniciativas como Cinturão e Rota (ou a Nova Rota da Seda), em que os países da América Latina podem aproveitar as oportunidades de desenvolver suas vantagens competitivas ao investir na indústria da energia, obras civis, agricultura, manufatura, tecnologia e informática. "Podemos alavancar esses desenvolvimentos para compartilhar nossos conhecimentos e, assim, melhorar o desenvolvimento de ambas as partes."
Por outro lado, Yu Weiping instou as partes a rejeitar as políticas protecionistas e a defender o multilateralismo do sistema internacional que é articulado em torno das Nações Unidas, a fim de promover maior liberdade do comércio e do investimento.