Água e resiliência aos efeitos da mudança climática
Sob o tema “Água e resiliência aos efeitos da mudança climática”, foi realizada em Madri a 5ª edição dos “Diálogos da Água”, uma iniciativa coordenada pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- e pelo Ministério da Transição Ecológica da Espanha, visando à troca de experiências sobre os efeitos da mudança climática na gestão da água, com a apresentação de ferramentas para garantir a segurança hídrica e minimizar esses efeitos a partir da inovação, do uso de novas tecnologias e da conscientização social.
Teresa Ribera, ministra da Transição Ecológica (em exercício), abriu a quinta edição dos Diálogos da Água, destacando a importância do “intercâmbio de experiências no âmbito do diálogo baseado na cooperação”, no qual “a água é um vetor de mudança sensível” sobre o que os governos “precisam estar preparados para os extremos”.
Durante a abertura, elogiou o esforço do CAF em focar os “problemas relacionados à água” em sua agenda e incentivou os governos a “orientarem seus esforços de cooperação internacional para promover modelos de gestão eficazes”.
Em seu discurso, o vice-presidente de Desenvolvimento Sustentável do CAF, Julián Suárez Migliozzi, destacou a relevância da aliança estratégica com a Espanha como parceira fundamental na agenda de recursos hídricos da instituição. Ressaltou que o CAF “julga esses recursos hídricos e gerencia uma agenda de segurança hídrica, pois as duas faces mais visíveis da mudança climática estão relacionadas com a água: secas e inundações”.
Suárez enfatizou que “cabe insistir que nosso relacionamento com a água está mudando e, portanto, devemos mudar esse paradigma de sustentabilidade”. Concluiu que “a estratégia do CAF em relação à água aponta a apoiar a América Latina e o Caribe na construção de infraestruturas resilientes aos efeitos de secas e inundações”, dando como exemplo a infraestrutura do rio Luján, na Argentina.
Por sua vez, a diretora da Agência Espanhola de Cooperação para o Desenvolvimento (AECID), Aina Calvo Sastre, contribuiu com a perspectiva da entidade, que destaca “a importância da Agenda 2030 na qual surge a pergunta relevante sobre como esses países enfrentam a realidade das mudanças climáticas”.
Após sua abertura, a quinta edição dos Diálogos da Água estruturou-se durante a manhã em torno de duas grandes sessões. A primeira foi sobre Gestão de secas. Experiências comparadas na Ibero-América, incluindo a exposição de Víctor Arqued (MITECO) sobre a “Integração de fenômenos hidrometeorológicos extremos no planejamento e gerenciamento da bacia” e um painel de discussão posterior. Dele participaram Yamileth Astorga, presidente de Aquedutos e Esgotos da Costa Rica, Paulo Salles, presidente da ADASA (Brasília, Brasil), Mario Andrés Urrea, presidente da Confederação Hidrográfica de Segura (Espanha), e Walter Obando, chefe da Autoridade Nacional da Água (Peru), com a moderação de Concepción Marcuello, da Secretaria Técnica Permanente da Conferência dos Gestores Ibero-Americanos de Água (CODIA).
Na segunda parte da jornada, Raúl Salazar, chefe do Escritório Regional nas Américas das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UN.DRR) apresentou uma palestra com o título “Em direção de uma nova abordagem para a prevenção de riscos de inundações”. . O segundo painel da manhã foi moderado por Franz Rojas-Ortuste, coordenador da Agenda da Água do CAF, e contou com a presença de Paulo Serra, prefeito de Santo André (São Paulo, Brasil), María Dolores Pascual, presidente da Confederação Hidrográfica do Ebro (Espanha), Francisco Dumler, presidente do Conselho de Administração da SEDAPAL (Lima, Peru), e Raúl Salazar, chefe do Escritório Regional nas Américas da UN-DRR.
Organizados anualmente com o objetivo de promover o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre a América Latina e a Espanha, os “Diálogos da Água” são espaços de discussão temática sobre questões de interesse para o setor hídrico. Em sua edição anterior, o evento reuniu especialistas de ambos os lados do Atlântico para discutir os desafios que os governos enfrentam atualmente para alcançar um pacto político de alto nível que contribua para garantir a segurança hídrica. Nesta quinta edição, o objetivo é analisar os mecanismos existentes para enfrentar os desafios das secas e inundações mais frequentes que ocorrem como resultado dos efeitos da mudança climática.
Essa iniciativa faz parte de uma plataforma estratégica de colaboração de longo prazo formada pelo CAF e pelo Reino da Espanha, por meio dos Ministérios de Transição Ecológica (MITECO), Economia e Empresa (MINECO) e Assuntos Exteriores, União Europeia e Cooperação ( MAEUEC).