Pequenas e médias empresas brasileiras precisam de melhor ambiente de negócios e maior acesso ao crédito
A agenda de medidas necessárias para melhorar o ambiente de negócios para empreendimentos brasileiros de pequeno e médio porte foi discutida durante o Seminário MPEs Produtivas: financiamento para o desenvolvimento e o crescimento, realizado pelo CAF, na celebração de seus 50 Anos.
Como parte fundamental da recuperação econômica brasileira, as micro e pequenas empresas estão no centro da agenda do atual do governo brasileiro, que vem anunciando as primeiras medidas de estímulo às melhorias das condições de negócios do setor, e preparando novos passos nesse sentido. “Estamos inoculando o bom vírus da modernidade e da desburocratização nessa área”, afirmou o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Da Costa, na abertura do seminário MPEs Produtivas: financiamento pra o desenvolvimento e o crescimento, realizado em Brasília pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina, na celebração de seus 50 Anos.
Segundo ele, uma das próximas medidas a serem anunciadas será o Sistema Nacional de Garantia de Crédito, em parceria com o CAF, para dinamizar a atual estrutura de acesso ao crédito aos pequenos e médios empresários no país. Outro ponto em gestação é o Certisimples, uma plataforma que irá consolidar informações sobre as capacidades técnicas dos empreendedores interessados em crédito, que servirão para complementar os dados financeiros, de maneira a facilitar ainda mais o acesso a empréstimos. Por fim, está já em fase de testes um ambiente virtual voltado para promover a aproximação entre bancos e potenciais clientes. “Será como uma espécie de Tinder do crédito, só que ajudando empreendedores e bancos a se conhecerem e fazer negócios”, explicou o secretário especial, referindo-se ao aplicativo de encontros entre pessoas. Da Costa também chamou a atenção para o desafio atual de criar condições para que empresários possam começar a investir em bens intangíveis, como serviços, por exemplo, ao invés de apenas em máquinas e equipamentos.
Para o vice-presidente do Setor Privado do CAF, Jorge Arbache, é preciso criar mecanismos para aumentar a produtividade das pequenas e médias empresas para que elas não sejam apenas, como muitas hoje o são, refúgios de pessoas que perderam seus empregos e foram obrigadas a empreender. “É fundamental também diminuir a burocracia atual, que dificulta os trabalhos em todas as áreas”, lembrou Arbache em sua fala. Para ele, se não houver uma melhoria das capacidades de pequenas e médias empresas no Brasil, não será possível retomar o crescimento e promover a queda do atual nível de desemprego. Entre os meses de janeiro e agosto de 2019, 90% dos empregos criados foram provenientes de micro e pequenos empreendimentos.
O presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Melles, lembrou que há mais de 40 anos trabalha para promover a produtividade de setores econômicos e que vê, agora, de forma mais intensa, governo federal, bancos de desenvolvimento e privados, além de outras entidades ligadas ao setor produtivo, totalmente alinhadas pelo propósito de promover as pequenas e médias empresas. “O Sebrae está a postos na aplicação das políticas públicas em gestação e em curso”.
O primeiro painel de discussão, intitulado “Em busca do tempo perdido: as MPEs como motor do crescimento da produtividade e inovação”, foram debatidos os principais desafios enfrentados hoje pelos empreendedores brasileiros, tais como dificuldades relativas ao ambiente de negócios (barreira de entrada, burocracia, pouco acesso a crédito viável, informalidade), falta de capacidades em gestão e em gerar empregos e, por fim, falta de preparo para a internacionalização.
No segundo e último painel, “Novas Tecnologias e produtos financeiros para apoiar as MPEs”, foram discutidos temas como inovação e criação de produtos financeiros para pequenos e médios empreendimentos, os usos das tecnologias para facilitar o caminho dos empreendedores na busca pelo aumento de produtividade e novas formas de garantias para as empresas.