Desafios para fortalecer a democracia na América Latina em tempos de pandemia, eixo do terceiro dia da 24ª Conferência CAF
Confiança, tecnologia, recuperação econômica, proteção social, segurança e equilíbrio de poderes são os principais desafios que a região enfrenta para que a democracia não seja tão afetada pelo impacto da pandemia, que continuará presente nas próximas eleições em diversos países. A disputa eleitoral nos Estados Unidos e seus efeitos na América Latina também foram discutidos no terceiro dia da 24ª Conferência Anual do CAF.
A América Latina teve as mais longas quarentenas e emergências sociais durante a pandemia de COVID-19, devido às condições sociais, econômicas e políticas pré-existentes, incerteza e inexperiência na gestão de epidemias. Esse foi o diagnóstico dos especialistas que participaram do terceiro dia da 24ª Conferência Anual do CAF.
“A COVID-19 afetou as datas das eleições em 12 países e teremos mais nove eleições em 25 meses. Muitas serão definidas em meio à pandemia. A fragilidade dos mecanismos de votação, como o voto por correspondência, a extensão da jornada eleitoral e a desconfiança nas entidades eleitorais, podem afetar a participação dos cidadãos, como a adesão 14% menor constatada na República Dominicana”, afirmou Kevin Casas Zamora, secretário-geral da IDEA International e ex-segundo vice-presidente da Costa Rica.
Durante o painel “Política em tempos de pandemia: o impacto sobre a democracia e o Estado de Direito na América Latina”, foram analisados os casos do Brasil, Chile, México e Venezuela. “No Brasil, vemos uma oposição dividida que não conseguiu criar um contrapeso ao presidente Bolsonaro, apesar de sua gestão relacionada à pandemia, especialmente na saúde”, Mónica de Bolle, membro sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional e professora adjunta da Johns Hopkins SAIS.
Por sua vez, Lucia Dammert, professora de Relações Internacionais da Universidade de Santiago do Chile, garantiu que uma questão que se apresenta em seu país e pode ser replicada na região é o retorno das passeatas nas ruas. “Os protestos podem aumentar não em número de pessoas, mas em frequência, devido aos efeitos sociais. Por exemplo, as mulheres deixaram o mercado de trabalho para cuidar da casa e da família. Protestos são necessários, mas devem ser pacíficos. O que temos que encontrar é a fórmula para que não acabem em violência”, acrescentou.
A 24ª Conferencia Anual do CAF, organizada pela Diálogo Interamericano, Organização dos Estados Americanos (OEA) y CAF, foi encerrada com o painel “A eleição presidencial dos EUA: implicações para a América Latina e o Caribe”, em que Julissa Reynoso, sócia do escritório Winston y Strawn, ex-embaixadora dos Estados Unidos no Uruguai e subsecretária adjunta para Assuntos do Hemisfério Ocidental; em conjunto com Roger Noriega, membro visitante do American Enterprise Institute, ex-subsecretario de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental e embaixador dos Estados Unidos na OEA, abordaram questões como migração, comércio, mudanças climáticas e o efeito da China na geopolítica global, dependendo de quem ganhar as eleições nos Estados Unidos.
Reveja o melhor da sessão de hoje e ouça os palestrantes das próximas sessões aqui.