Fortalecimento do marco regulatório e das associações público-privadas – chaves para o desenvolvimento de um Hub Digital Regional
O Panamá avançou significativamente na digitalização e está em fase de identificação de uma série de desafios e oportunidades em aspectos como infraestrutura, penetração da internet, recursos humanos especializados, políticas públicas, atualização do marco regulatório, que ajudam a fechar o fosso digital existente.
O CAF - banco de desenvolvimento da América Latina- e o Centro Nacional de Competitividade (CNC) realizaram a discussão virtual “Infraestruturas Digitais no Panamá”, um espaço no qual representantes dos governos do Peru e do Panamá, empresas privadas e especialistas internacionais do setor de telecomunicações conversaram sobre os avanços e oportunidades que o país alcançou em termos de transformação digital, informações sobre a situação da infraestrutura de telecomunicações, expansão da cobertura e qualidade dos serviços.
Lucía Meza, representante do CAF no Panamá, explicou que o âmbito da colaboração público-privada é fundamental, especialmente para o setor de telecomunicações. A consolidação do Panamá como um hub de logística e serviços digitais mais sofisticado terá um impacto positivo em toda a região. “Se o Panamá estiver indo bem em seu caminho de desenvolvimento de serviços digitais, as condições das telecomunicações melhorarão em toda a região”.
A era digital nos brinda ferramentas de recuperação econômica, as eficiências oferecidas pelos serviços digitais criam condições para agilizar o crescimento econômico de nossos países e, com isso, será possível cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que, após a pandemia, nos distanciam ainda mais dos países desenvolvidos. Na opinião de Meza, acabar com a exclusão digital requer um plano que envolva governos, indústrias, sociedade em geral, bem como maior infraestrutura, capacitação de recursos humanos, atualização de marcos regulatórios e modernização tecnológica – para atingir um aumento de produtividade.
No âmbito da Agenda Digital do CAF, contamos com um observatório do ecossistema digital da América Latina, apoiamos a inovação digital de governos, oferecemos assistência técnica e financiamento para a modernização das telecomunicações e a promoção da economia digital como ferramentas fundamentais para alcançar maior coesão social e territorial em nossos países. Outra meta é o aumento da produtividade e das práticas de dados abertos para melhores condições de transparência como alavancas para um crescimento econômico sustentado. No Panamá, acompanhamos essas ações apoiando a AIG, ANTAI, MEF, ITSE.
Por sua vez, Irving Halman, presidente do CNC, destacou que os estudos realizados pela entidade confirmam que o Panamá vem experimentando uma queda em sua taxa de crescimento nos últimos 13 anos. Para garantir que haja recuperação do ritmo de crescimento, é preciso aumentar cada vez mais a acumulação de fatores que contribuem para o crescimento econômico, como o capital e a produtividade.
“Aplaudimos e valorizamos a continuidade que as autoridades têm dado à estratégia do Eixo Digital, que se apoia em um elevado nível de integração regional e global em nosso país, para promover a indústria e o desenvolvimento de software, serviços de TIC, conectividade de cabos submarinos e atração de investimentos em infraestruturas como as de data center”, afirmou Halman.
A discussão também contou com a presença de José Alejandro Rojas, ministro conselheiro para a Facilitação de Investimentos Públicos do Panamá e vice-presidente do CNC, que destacou que o país está, atualmente, trabalhando na estratégia do “Hub Digital” com a geração de mais estrutura, capacitação e trabalho conjunto com o setor privado.
Rojas ressaltou que o atual governo tem uma estratégia para fazer do Panamá o epicentro da movimentação de dados na região, por meio da criação do “Hub Digital Panamá”, cujo objetivo principal é gerar investimentos do setor privado em tecnologia e inovação concomitantes a um investimento para a digitalização do setor público, o qual abrange áreas como agronegócio, manufatura, educação e soluções tecnológicas fintech, cibersegurança e inteligência artificial. Enfatizou que o presidente Laurentino Cortizo está comprometido em impulsionar o país como um Hub Digital que incentive o empreendedorismo, gerar empregos, educação e amplie o talento panamenho, a fim de eliminar a desigualdade e alcançar um desenvolvimento equitativo e justo para todos.
Durante sua participação, Raúl Katz, presidente da Telecom Advisory Service e professor da escola de negócios da Universidade de Columbia, destacou que o Panamá está em uma posição intermediária ou de transição no desenvolvimento da digitalização, no contexto dos países em desenvolvimento, acima de nações como África do Sul, Peru e Índia e abaixo de países como Chile, México e Costa Rica. O Panamá está desenvolvendo sua digitalização, mas ainda está atrás de alguns dos países mais avançados da América Latina.
Quanto à digitalização Katz argumentou que o Panamá, entre 2004 e 2019, cresceu significativamente em termos de infraestruturas digitais, tais como redes de comunicações 4G, banda larga, banda larga móvel e fixa, qualidade dos serviços. Da mesma forma, esse crescimento foi acentuado na digitalização de domicílios, ou seja, a capacidade dos domicílios panamenhos de acessar a plataforma de internet por meio de banda larga.
Katz destacou o objetivo que o Panamá tem como país é alcançar o desenvolvimento de uma economia avançada. Para isso, deve considerar ampliar o desenvolvimento total em termos de capital humano, força de trabalho, infraestrutura digital, políticas públicas, regulação, digitalização do estado e digitalização dos domicílios.
A discussão também contou com a participação de Julio Spigel, presidente-executivo e gerente-geral da Cable & amp; Wireless Panamá e Rodrigo Diehl, CEO da Tigo no Panamá; Luis Oliva, administrador geral da AIG e presidente do Conselho de Acesso ao Serviço Universal; Armando Alonso Fuentes Rodríguez , administrador geral da Autoridade Nacional de Serviços Públicos, ASEP; David Proenza, gerente da Foodchain S.A. Cluster Productivo/Foodchain; Moises Abadi¸ presidente da Liberty Technologies, representando a CAPATEC, além de palestrantes internacionais, como Virginia Nakagawa, vice-ministra de Telecomunicações do Peru; Mauricio Agudelo, coordenador da Agenda Digital do CAF; Eduardo Chomali, especialista em TIC y Telecom do CAF; Marco Dini, responsável para Assuntos Econômicos da CEPAL; Maryleana Mendez, secretária-geral da Associação Interamericana de Empresas de Telecomunicações e Natalia Iregui, gerente sênior de Políticas Públicas para a América Central, Caribe y Região Andina da Amazon Web Services (AWS), que destacou que a “Transformação Digital” faz parte da Quarta Revolução Industrial. “Pensamos em modo analógico há muito tempo, precisamos passar a pensar no modo digital”, acrescentou.