Digitalização, inovação, cadeias de valor e realocação de fornecedores, oportunidades para PMEs no novo normal
A aceleração da transformação digital devido à pandemia está gerando maior eficiência e produtividade, que as PMEs podem aproveitar se tiverem mais acesso a financiamento, treinamento, simplificação de procedimentos e conectividade; concordam os líderes que participaram da Conferência CAF “A nova economia e o futuro das PMEs latino-americanas”, realizada de forma semipresencial, no México.
A ampliação do comércio digital, com a consequente redução de custos e maior acessibilidade, é uma das oportunidades para as pequenas e médias empresas (PMEs) da América Latina, que têm sido aceleradas devido à transformação digital produzida pela pandemia de COVID-19. Este foi um dos exemplos abordados na Conferência da CAF “A nova economia e o futuro das PMEs latino-americanas”, realizada de forma semipresencial, na Cidade do México, com a participação de 34 líderes da região.
Em seu discurso de abertura com José De Luna, chefe da Unidade de Crédito Público e Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e Crédito Público do México, Luis Carranza Ugarte, presidente-executivo do CAF, destacou que a agenda de apoio às PMEs vai além de sua transformação digital, abrangendo uma visão de desenvolvimento inclusivo, melhoria da produtividade e rumo à prosperidade na América Latina.
“Este ano, redirecionamos linhas de crédito de USD 1,6 bilhão para apoiar bancos de desenvolvimento locais em sua estratégia financeira com PMEs. Canalizamos recursos para bancos comerciais em linhas e garantias para apoiá-los e duplicamos nossas linhas para instituições de microfinanças, que estão na trincheira de suporte às microempresas, as mais afetadas em todo este processo de pandemia. Da mesma forma, fomos além do apoio financeiro, com programas de inovação, internacionalização, patentes e, principalmente, integração em cadeias de valor e clusters de negócios”, acrescentou Carranza.
Por sua vez, José De Luna, destacou: “O confinamento mudou os hábitos de consumo da população, mas gerou oportunidades para as PMEs desenvolverem novos modelos de negócios, encontrarem melhores canais de distribuição de produtos e serviços e alcançarem maior produtividade com o uso da tecnologia. O Acordo entre México, Estados Unidos e Canadá é uma oportunidade de ouro que todos devemos aproveitar. Acho que é uma oportunidade magnífica que não devemos perder”, acrescentou.
En el primeiro painel: “Crise, recuperação e salto para uma nova economia”; especialistas destacaram a necessidade de aumentar o acesso a financiamento, formação e digitalização das PMEs como medidas complementares aos planos desenvolvidos pelos governos para as mantê-las com fôlego e se adaptarem à nova realidade. A ministra da Economia, Indústria e Comércio da Costa Rica, Victoria Hernández, destacou a oportunidade das empresas fintech apostarem em um modelo de atenção imediata às PMEs; enquanto Patricia Armendáriz, diretora-geral da Financiera Sustentable, ressaltou a oportunidade para os empresários explorarem o consumo básico e saudável que foi imposto pela pandemia.
”Tendências nas cadeias de valor globais, desafios e oportunidades para as PMEs na região” foi o tema do segundo painel, em que os dirigentes apontaram que as incertezas geradas pela COVID-19, somadas às tensões geopolíticas e comerciais, abriram uma janela para a realocação de fornecedores e fortaleceram cadeias de valor regionais e clusters para benefício das PMEs.
En el terceiro painel: “Acelerando a transformação digital para as PMEs”, os palestrantes apontaram a necessidade de fortalecer o capital humano da região para aumentar a diversidade de talentos técnicos, especialistas e profissionais, entre outros. “A pandemia nos fez dar um salto incrível na transformação digital. O desafio agora é manter essa velocidade de transformação e não retroceder”, afirmou Sylvia Constaín, vice-presidente de Relações Governamentais para a América Latina e Caribe de Visa e ex-ministra de TIC da Colômbia. Por sua vez, Ernesto Kruger, fundador da Kruger Corporation, recomendou que os empresários “primeiro se concentrem em seus negócios e não em outros problemas regulatórios para que possam decolar”; e acrescentou: “o talento está aí, mas temos que avançar na regulação dos países, porque é algo mais lento do que a velocidade em que os empresários estão reagindo”.
A pandemia tirou todas as empresas de sua zona de conforto e as fez repensar seus modelos de negócios, processos e atendimento ao cliente. Os diretores de Mercado Libre, Ualá, Laboratoria, CO_ Capital e do Centro de Entrepreneurship en IAE Business, apresentaram noquarto painel como enfrentaram esses desafios e as oportunidades para saírem mais fortes desta situação.
En el último painel: “Políticas públicas de fomento às PMEs para a nova economia”, a secretária de Economia do México, Graciela Márquez Colín, apresentou as iniciativas empreendidas para apoiar as PMEs no país. “Temos trabalhado em uma estratégia de mão dupla: priorizando as pessoas de renda mais baixa e as microempresas mais vulneráveis com transferências, crédito preferencial e facilidades de pagamento. A segunda consiste em apoiar as PMEs com tiros de precisão e de forma custo-eficiente, por meio de garantias, treinamentos, encontros virtuais, inclusão digital, tecnologia de última milha, especialização inteligente, regulação e compras governamentais, entre outros”, explicou.
A Conferência CAF foi encerrada com a premiação dos vencedores regionais do Concurso Universitário de Redação “Ideas para el Futuro” [Ideiais para o Futuro], entregue pelo secretário-geral do CAF, Víctor Rico, juntamente com a secretária-geral Iberoamericana, Rebeca Grynspan. O Prêmio Guillermo Perry foi concedido a Omari Joseph da University of the West Indies, de Trinidad e Tobago; o 2º prêmio a Kevin Steven Mojica Muñoz da Universidad de los Andes, na Colômbia; e o 3º prêmio a Nazarena Marano Suffern, da Universidad Torcuato di Tella, da Argentina.