CAF e OEA unem forças para buscar soluções de segurança em cidades latino-americanas
As entidades organizaram um debate para troca de experiências e aprendizados sobre o uso de sistemas de videovigilância e georreferenciamento do crime nos centros urbanos da região.
A aplicação de sistemas de videovigilância para prevenir e controlar o crime, e a análise geoespacial para mapeá-lo são ferramentas cada vez mais utilizadas nas grandes cidades latino-americanas, mas apresentam desafios relacionados ao armazenamento e salvaguarda de imagens e dados, direito à privacidade e possibilidade de medir sua eficácia ou impacto, entre outros aspectos.
Essas questões foram tratadas no “Debate sobre Segurança Cidadã e Tecnologia”, organizado pelo CAF –banco de desenvolvimento da América Latina– e pelo Departamento de Segurança Pública da Organização dos Estados Americanos (OEA), encontro em que discutiram-se as experiências no tema em Tigre (Argentina) ), Medellín (Colômbia) e San Pablo (Brasil).
“A videovigilância e o mapeamento são ferramentas essenciais para prevenir o crime. O desenvolvimento de sistemas de informação permite um melhor entendimento da relação entre o lugar, o tempo, as vítimas e até mesmo os perpetradores. As tecnologias, no entanto, nunca são um fim, mas um meio. Sua incorporação traz uma série de desafios, desde o cuidado com a salvaguarda dos direitos dos cidadãos até a medição da eficácia dessas ferramentas”, afirmou o diretor de Análise e Avaliação Técnica do Desenvolvimento Sustentável do CAF, Jorge Concha, que abriu o evento.
Por sua vez, Guadalupe Aguirre, especialista em Segurança Cidadã do CAF, afirmou que “é nas cidades onde o crime e a violência se concentram”, por isso é necessário aprofundar o estudo dos limites, benefícios e mitos gerados pela tecnologia, que, muitas vezes, é vista como “uma solução quase mágica”.
O evento contou com a presença de Tobias Schleider, consultor e especialista internacional em Segurança Democrática, que se referiu à informação, dados e tecnologia como insumos para estabelecer políticas baseadas em evidências.
Vanesa Lio, pesquisadora do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET) da Argentina, abordou a questão das funções e limitações da videovigilância no espaço público, considerando a experiência na cidade de Tigre, localizada na província de Buenos Aires.
Santiago Tobón, diretor do Centro de Pesquisa em Economia e Finanças do Centro de Pesquisas Econômicas e Financeiras (CIEF), da Universidade EAFIT da Colômbia, compartilhou os resultados de uma avaliação dos efeitos da instalação de câmeras de vigilância em Medellín; enquanto Tulio Kahn, assessor sênior da Fundação Espacio Democrático do Brasil, referiu-se à implementação de análises geoespaciais para reduzir o crime e gerenciar a segurança, apresentando o caso da redução de homicídios em São Paulo.
Karen Bozicovich, chefe da Seção de Informação e Conhecimento do Departamento de Segurança Pública da OEA, encarregada de encerrar o evento, destacou que “o conhecimento proporcionado pelas novas tecnologias não deve excluir outros conhecimentos, como a experiência do policiais que patrulham as ruas” e destacou que todas as ferramentas disponíveis para melhorar a segurança do cidadão “são complementares”.