CAF apresenta na COP os índices de vulnerabilidade às mudanças climáticas de nove cidades da América Latina
O CAF, banco de desenvolvimento da América Latina, apresentou na COP em Glasgow (Escócia) os índices de vulnerabilidade às mudanças climáticas de 9 cidades da América Latina: La Paz e Tarija (Bolívia), Fortaleza e Recife (Brasil), Loja, Portoviejo e Santa Cruz de Galápagos (Equador), Trujillo e Piura (Peru).
Os estudos fazem parte da Iniciativa LAIF sobre Cidades e Mudanças Climáticas, financiada pela União Europeia e implementada pelo CAF e pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD); eles visam a identificar medidas relevantes de adaptação às mudanças climáticas, a partir da análise da vulnerabilidade e do risco climático das cidades analisadas, considerando suas dimensões ambientais, econômicas e sociais. Com base nos estudos, já disponíveis no site do CAF, o objetivo é fortalecer a resiliência das cidades a eventos climáticos extremos derivados das mudanças climáticas, possibilitando um planejamento adequado das cidades que limitem sua vulnerabilidade e a de seus cidadãos.
Os principais achados do IDV nas 9 cidades
Os índices de vulnerabilidade apresentados no Equador mostram que as emissões de GEE em Portoviejo têm sido consequência do crescimento urbano significativo da cidade e da demanda por maiores recursos, como água, energia ou combustíveis. O índice de vulnerabilidade de Santa Cruz de Galápagos, por outro lado, mostra que a cidade deve alcançar um modelo de gestão territorial equilibrada e multidimensional devido à fragilidade "socioecossistêmica" que sofre. O estudo de Loja permitiu detectar os setores com maior risco diante dos impactos climáticos, especialmente os setores noroeste e sul, e identificar os 14 principais desafios de vulnerabilidade da cidade.
Os índices de vulnerabilidade de La Paz e Tarija, na Bolívia, revelam que as inundações e a escassez de água são as principais ameaças climáticas. O estudo prevê em La Paz uma diminuição da disponibilidade de recursos hídricos por habitante nas bacias que abastecem a cidade e um aumento no risco de deslizamentos de terra, enquanto em Tarija há problemas de abastecimento devido à escassez de água nas bacias de La Victoria, Erquiz e Tolomosa.
No Peru, os índices de vulnerabilidade de Trujillo e Piura refletem a vulnerabilidade dos diferentes setores das cidades, bem como suas bacias hidrográficas. O estudo de Trujillo indica o perigo de deslizamentos de terra na ravina de San Ildefonso e na erosão costeira. Em Piura, por outro lado, destacam-se o aumento de até 6 vezes a pegada urbana nas últimas 3 décadas e o perigo de transbordamento do Rio Piura. Em ambos os casos, destaca-se a necessidade de desenvolver um Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas (PACC).
Em Fortaleza, Brasil, os índices revelaram que os principais riscos encontrados até 2040 foram aumento da temperatura, secas prolongadas, chuvas extremas e elevação do nível do mar, e os pontos de maior concentração de risco na cidade foram estudados para que as autoridades possam desenvolver medidas de adaptação específica. Em Recife, além de identificar os bairros com maior risco em relação à seca, inundações ou ondas de calor, foram apresentados como necessidades para implementar um Plano de Redução de Risco Costeiro, monitoramento de resíduos, planejamento para a expansão da arborização e construção de recifes artificiais, entre outros.
A metodologia para a elaboração de índices de vulnerabilidade
Para o desenvolvimento de análises de vulnerabilidade, foi realizado primeiro um processo de identificação de ameaças, com base na coleta de informações das cidades e de um processo participativo com atores-chave, tanto do setor público quanto do privado; em segundo lugar, uma análise climatológica baseada nas informações meteorológicas históricas da cidade e no uso de modelos climatológicos para prever o clima futuro diante de cenários com certas emissões de gases de efeito estufa.
Posteriormente, o comportamento de cada componente de vulnerabilidade às mudanças climáticas (exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa) para cenários atuais e futuros em cada cidade foi analisado, atingindo a avaliação da vulnerabilidade presente e futura mostrada pelos estudos.
Iniciativa LAIF sobre Cidades e Mudanças Climáticas
A Iniciativa LAIF sobre Cidades e Mudanças Climáticas, financiada pela União Europeia e implementada pelo CAF e AFD, tem como objetivo implementar projetos de prevenção, mitigação e adaptação das mudanças climáticas em cidades <da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru, conscientizar e informar a região sobre as questões climáticas, além de fortalecer as capacidades para a implementação mais eficaz de políticas públicas